Há poucos dias a cidade do Rio de Janeiro mobilizou-se em torno do Bar Luiz. Não se tratava de um bar qualquer, era o "LUIZ". Por que tantos se mobilizaram? Emoções! Quantas vidas foram vividas naquele lugar? Quantos amores e até dissabores aconteceram em suas mesas?Negócios feitos e desfeitos! Amizades rompidas! Alegrias de grupos! Famílias reunidas! Tudo isso fez de um "modesto" bar, em um lugar vivo! Não vamos deixá-lo morrer! Seria perder partes de muitas vidas!
Dia desses, passando de ônibus frente ao "Canecão", ali em Botafogo, senti em meu peito um vazio, como se estivesse visitando o túmulo de alguma pessoa querida. Quantos emoções estão enterradas naquele local! Mergulhei nos anos 60 e revi meus amigos de Universidade reunidos comemorando a nossa formatura. Revi alguns aniversários realizados nos tempos em que havia uma bandinha estilo alemã que nos fazia dançar com pesadas canecas de chope. Minhas lembranças fizeram desfilar em minha mente Alcione, Emílio Santiago, Clara Nunes, Paulo Gracindo, Mercedes Sosa, Sarah Vaughan, Bethânia com Omara Portuondo e a "loucura" de Elymar Santos, segundo os jornais alugou o espaço para se lançar como cantor. E foram tantas lembranças que esqueci de descer do coletivo onde estava. Fiquei triste com o que fizeram com o nosso querido Canecão, que agoniza entre pichações, poeira, abandono, lixo e descaso. A agonia desse espaço também representa a nossa agonia de sabermos que outros "lugares vivos" são desprezados, abandonados e mortos por uma cidade que aos poucos está perdendo a sua memória.
Será que ainda existe algum remédio?
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