sábado, 25 de maio de 2013

MULHERES QUE só DIZEM SIM.

        No folhetim de Chico, as mulheres que dizem sim, são profissionais de prazer. Elas dizem sim,  por um bombom, um pedaço de cetim ou uma pedra falsa. Podem ser encontradas nos botequins e estão sempre prontas para uma noitada. Sua profissão exige que digam meias verdades,  façam as vontades do cliente,  que devem se sentir  príncipes conquistadores.
Quando o dia amanhece elas saem sem fazer barulho, sabem que o expediente terminou e se descartam do freguês, viram a página e recomeçam na próxima noite.
Esse universo é enigmático, difícil saber quais as que  escolheram como profissão e quais as que foram empurradas para viveram noites de prazer que raramente sentem. Aprendem a sussurrar coisas de amor e a ouvir caladas palavras cheirando a álcool e abraçarem corpos suados e indelicados.
Tornam-se profissionais do prazer, que apesar de não serem reconhecidas pelo estatuto do trabalhador, prestam um sério serviço à sociedade. Quantas dessas mulheres consolam, desarmam, enternecem e evitam a violência, através de suas carícias, servindo de escudos entre famílias e  violentos machos.
Elas são diferentes das outras mulheres que só dizem sim. As que possuem residência fixa, têm filhos, marido, trabalham horas e horas para manter um lar e à noite, são obrigadas a dizer sim.
Eles chegam suados e embriagados e as submentem aos seus caprichos. São seus maridos, amantes, companheiros e estupradores. Diferente das outras, elas não ganham pelas noitadas, sofrem caladas e no dia seguinte seguem uma rotina silenciosa como casas abandonadas.
Mulheres que seguem seus destinos, sem identidade, sem prazer, sem poder dizer não. Mulheres ao contrário. Mulheres objetos. Mães do medo. Esposas do terror. Seguem suas vidas escondendo as marcas da violência sem nunca ter o direito de um sonho de valsa ou um vestido de cetim.
Não saem para noitadas e as pedras que recebem sangram suas existências. Dois tipos de mulheres que só sabem dizer sim.
Duas vidas paralelas. Duas existências difíceis de entender. Vivem à meia luz. Mas são mulheres e como tal merecem respeito e reverência por serem  mulheres.
Edison Borba
 

 


 

 

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