quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A GUERRA DO TRÁFICO CONTINUA

          São 7h 14min, do dia 25 de setembro de 2013,  emissoras  de televisão mostram ao vivo, intenso tiroteio entre bandidos de quadrilhas rivais. A disputa pelo território passou a ser uma constante entre traficantes que migraram de comunidades, ocupadas pelas UPPs. Agora às 7h20min, os policiais chegam para intervir nessa batalha, tentando impedir que o fogo cruzado continue, ameaçando os moradores do local (Serrinha).
Em dezembro de 2011, abordei o tema “Migração no Tráfico”, no livro “Complexo de Viúva e outras crônicas”.
Leiam e reflitam sobre o tema! Edison Borba
 

                                           MIGRAÇÃO NO TRÁFICO

“Hoje, sábado, dia 10 de dezembro, uma emissora de televisão, apresentou em seu noticiário matinal, bandidos desfilando pelas ruas de uma comunidade, portando armas de alto calibre. Apesar do bom trabalho que as polícias do Rio de Janeiro, estão fazendo com as implantações das UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora) em diversas comunidades, ainda há muito a ser vencido. A cidade e o estado do Rio de Janeiro possuem uma condição geográfica, difícil de ser mapeada. Vivemos entre o mar, montanhas, lagoas e rios e o crescimento populacional se fez de forma desordenada. Sem uma orientação urbana, o aumento populacional, criou verdadeiros complexos difíceis de ser percorridos.

Nem o labirinto, erguido pelo rei Minos, em Creta, era tão complicado. E explicação, é simples, o labirinto grego, foi  criado a partir de uma estrutura bem elaborada por Dédalo. Os  do Rio de Janeiro surgiram a partir das mais diversas concepções arquitetônicas.

As casas foram construídas conforme a vontade e o poder aquisitivo de seus proprietários, que também foram  os engenheiros das suas moradias. Foram nascendo, coladas umas às outras formando incríveis becos e vielas das mais diversas dimensões.

Os mais inteligentes e preparados engenheiros e arquitetos do mundo, não teriam imaginação para construir em lugares e situações absolutamente improváveis. Existem pequenos casebres que desafiam as leis da gravidade. Equilibrados sob pilares, se equivalem à Torre de Pisa.

A intercomunicação entre as casas permite àqueles que residem na localidade, grande facilidade de deslocamento. Enquanto que os “forasteiros” precisam apelar a Teseu para conseguir se locomover neste incrível labirinto.

Existem residências dos mais variados tipos. Madeira, papelão, zinco, cimento e tijolos são materiais usados pelos “construtores” das comunidades. Casas bem elaboradas,  de bom padrão, misturam-se aos casebres mais pobres, conferindo ao local uma incrível e variada concepção de “cidade” bairro. Uma desordem organizada chega a fascinar nossos olhos.

Esse tem sido um dos problemas enfrentado por nossos policiais. Outra questão refere-se ao conhecimento territorial. Alguns “meninos” do tráfico nasceram e foram criados naquele local. Conhecem cada cantinho, cada viela, cada rua e beco, além de estarem familiarizados com os hábitos dos moradores.

Ainda existem diversas comunidades dominadas pelos senhores do tráfico e por milicianos.

Ainda existem ordens que se não forem cumpridas, o castigo será o mais severo possível. A compra de botijões de gás, o uso da eletricidade e até o número de propriedades está sob o controle da máfia. Nenhum morador poderá ter mais de uma moradia. Caso tenha conseguido construir uma segunda casa, essa última, passará  às mãos dos senhores locais.

É impossível imaginar, as condições de vida dos habitantes que ainda estão em locais controlados pelo “pó”. Os noticiários, aos poucos vão repassando dados secretos, que não podem ser revelados sob pena de morte.

Novos caminhos para a liberdade estão sendo abertos. A prisão dos poderosos, a retirada de armas, a implantação de serviços básicos reconhecendo as comunidades como bairros, com os mesmos direitos de que mora em Ipanema, Méier, Leblom, Tijuca, Inhaúma, Jacarepaguá, Pavuna ou em outras cidades é que irá transformar o nosso Estado, num local onde todos os cidadãos merecem ser  tratados com dignidade e respeito”.

Edison Borba – Livro: COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS

Editora All Print / S.P.

 

 

 

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