quarta-feira, 25 de setembro de 2013

MEMÓRIAS ELETRÔNICAS

       Numa reunião de amigos, dessas que fazemos uma vez ao ano para contabilizarmos a saudade, novidades e “abobrinhas”,  chegou o momento de apresentarmos os filhos e netos através de fotografias. Nessa hora, houve um pequeno tumulto em torno de celulares sofisticados, nos quais estavam inseridas as nossas memórias. Foi, complicado e confuso quinze pessoas tentando entender os mecanismos eletrônicos de cada um dos aparelhinhos. O que era para ser um momento de prazer tornou-se uma “orgia” de mãos e braços, óculos e olhos, numa luta para tentar ver nas pequenas telinhas a grande quantidade de imagens.
De volta para casa, fui até a gaveta do armário do quarto e encontrei dentro de uma caixa de papelão (aquelas usadas nas sapatarias) fotos de familiares, amigos animais de estimação e de lugares por onde andei.
Sentei-me, sozinho e fui admirando cada rosto, paisagem, risos, abraços, poses, brincadeiras, momentos de felicidade, armazenadas naquelas fotos, que pude manusear tranquilamente uma a uma, tentando reanimar dentro de meu peito as emoções. Fechei os olhos e com as fotos esparramadas ao meu redor, pude fazer uma linda viagem.
Revi amigos, brinquei com meus irmãos, senti o gosto do bolo dos aniversários, visitei lugares ruas e praças e antigas residências que já não existem mais. Foi um momento lindo e maravilhoso, que pude aproveitar, em companhia das antigas fotografias.
Como será que meus filhos e netos farão, quando estiverem com a minha idade? Espalharão pelo quarto diversos celulares? Abrirão as telas dos computadores e farão desfilar uma a uma, os milhares de fotos armazenadas em arquivos? E quando a saudade bater e der vontade de beijar um rosto amigo? Beijarão as telinhas “celuláricas” ou se abraçarão aos computadores rolando pela cama, lembrando momentos incríveis?
O tempo passa e os costumes mudam, mas emoções sempre serão as mesmas, o nó da questão está na forma que haverá de ser descoberta para relembrar os bons momentos da vida através da memória eletrônica.
Edison Borba
 

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