domingo, 22 de setembro de 2013

AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE! ( a triste sina dos professores)

          Em todos os lugares do mundo a profissão “professor” é apontada como a mais indispensável. Essa importância, que coloca o mestre acima de todos os outros profissionais, está na simples razão de que nada se aprende sem ter que ensine.
Em mais de quarenta anos de exercício do magistério, ajudei a formar os mais diferentes profissionais: médicos, professores, garçons, balconistas, advogados, bancários, cozinheiros além de outras profissões. Lamentavelmente, nem sempre tive êxito. Alguns dos meus pupilos tornaram-se traficantes, prostitutas e já chorei ao saber da morte de alguns. Felizmente, o saldo positivo é superior e compensa os anos de trabalho.
Dentro desse contexto, encontram-se também os políticos. Já recebi propaganda de exalunos que buscavam conseguir vaga como vereador, deputado e até prefeito. Alguns lograram êxito e hoje ocupam cargos de relevância no cenário nacional. Às vezes leio seus nomes em colunas de jornais e lembro-me dos seus rostos, no meio da classe tentando responder alguma questão da aula. O que mais me deixa intrigado é saber, que este cidadão, que participou das minhas aulas, hoje é um perigoso carrasco, que esqueceu todos os ensinamentos sobre humanidade e democracia.
Diante do movimento de greve dos profissionais da educação, causa-me espanto saber que prefeitos, governadores, secretários e demais senhores  e senhoras da política brasileira, que um dia ocuparam as salas de aula e que aprenderam as primeiras letras através do trabalho de professores tornaram-se insensíveis e cruéis. Não se preocupam em humilhar, desdenhar, amedrontar e até ameaçar àqueles que  foram seus orientadores.
Triste sina a nossa de professor! Preparar os próprios  algozes. Ensinamos a ler e a escrever, apontamos caminhos e batalhamos para que em nossas salas de aula, o ambiente possa ser o mais democrático. Ensinamos o valor dos números, dos mapas e da natureza. Explicamos a importância da saúde e orientamos as formas de manter o corpo e a mente, equilibrados. Ajudamos a caminhar para o mundo e infelizmente alguns usam de seus poderes para punir seus mestres.
Será que é isso que chamam de sacerdócio?
Será que ser professor é ser um mártir?
Será que educar é um ato perigoso?
Ensinamos o religioso e o bandido. O operário e o político. Estamos lidando sempre com as extremidades sociais e muitas vezes preparamos aqueles que um dia se voltarão contra nós.
Pai afasta de mim este cálice!
Edison Borba
 

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