quinta-feira, 15 de junho de 2017

COLÉGIO ESTADUALJÚLIA KUBITSCHEK – UMA LENDA!



Júlia Kubitschek é uma escola da rede pública estadual do Rio de Janeiro, batizada com o nome de uma professora mineira, mãe de um famoso presidente do Brasil.
Seguindo protocolos educacionais, que impediam meninos de estudarem nas escolas especializadas na formação de professores alfabetizadores, o  Júlia apesar de ter sido criado quando esta lei já tinha sido alterada, quase não recebia meninos em seu corpo discente. A  média é de trinta alunas para um aluno. O seu corpo docente também, é composto de um número feminino bem maior que o masculino.
O Júlia é uma escola de mulheres!
Todos os que ultrapassam os portões deste colégio, são absorvidos por um mundo feminino. Por este motivo, há um encantamento nos corredores e salas de aula.
Nos gabinetes, há um perfume agradável, deixando evidente a presença feminina naqueles ambientes.
O Colégio Estadual Júlia Kubitschek é uma Unidade de Ensino diferente das muitas que existem no nosso estado. Creio que as mulheres do Júlia, são as responsáveis pelo bom ensino e por tudo que acontece naquele espaço, desde os jardins até as salas de aula.
Lembro-me do  dia que cheguei para assumir o posto de professor: na coordenação fui recebido por uma professora / coordenadora, que  conduziu-me para a primeira turma em que eu daria aula. Havia aproximadamente umas trinta e cinco jovens, com blusas brancas de mangas compridas e saias azuis. Ao perceberem a presença da senhora coordenadora imediatamente puseram-se de pé.
Confesso que minhas pernas tremiam,  apesar de já estar no magistério  algum tempo, eu ainda era um jovem professor e não tinha experiência com aquele universo.
Após ser deixado a sós numa classe só de meninas, iniciei o que seria uma aula. Pude perceber que os olhos daquelas garotas seguiam-me por todos os cantos da sala e me avaliavam dos pés à cabeça. O suor escorria pelo meu corpo e com muito esforço consegui repetir alguns conceitos de Biologia.
Fui salvo pela campainha, daquele primeiro suplício, porém ainda havia mais cinco turmas, num total de mais de cento e cinquenta olhares femininos esperando por mim.
Em cada grupo, fui acompanhado pela senhora coordenadora e o ritual se repetiu.
Ao final do dia, estava extenuado, apavorado e me questionando se eu conseguiria sobreviver naquele mundo do azul e branco.
Os dias, as semanas, os meses e os anos se passaram e por mais de trinta anos vivi naquele paraíso chamado Júlia Kubitschek. Tive a oportunidade, de viver  grandes emoções e a aprender a valorizar pequenas alegrias que envolve o universo das Escolas que formam Professores. Aprendi  a respeitar aquele universo, onde fiz grandes amigos, que fazem parte da minha vida até hoje.
As mulheres do Júlia são muitas e como num formigueiro executam diversas e importantes missões: as merendeiras, as secretárias, as diretoras,  as funcionárias do serviço de limpeza, as professoras, as coordenadoras, as supervisoras todas funcionando para que meninas e meninos possam se tornar cidadãos de bem. Neste universo também  encontramos as mães, que buscam nesta escola um caminho para conduzir seus filhos.
Neste paraíso, também acontecem pequenas tragédias, perdas, lágrimas situações complexas, mas que sempre são resolvidas ou atenuadas pelas mulheres que não deixam nada sem uma resposta, um carinho, uma palavra de conforto. No Júlia há muitos colos e muitos aconchegos que amenizam grandes problemas.
Eu tive o privilégio de ser um dos poucos homens, professores,  a usufruir de um local onde  Educação é coisa séria!
              Edison Borba

6 comentários:

  1. Brilhante resgate da memória desta que não é apenas uma escola,,mas também uma segunda família! Salve Júlia Kubitschek!!!💕

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    1. Lindo texto. Um resgate de memória. Fui aluna do CEJK. Sai de lá em 1996.

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    2. Tive o prof Mario Sérgio como professor.

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  2. Lindo texto e só quem viveu essa época sabe o quanto é verdadeiro.
    Fui aluna do Júlia nos anos 80,81 e 82.
    Tive um professor Edison de Física em 1980, se for o senhor será um prazer conversar.

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    1. Sou eu mesmo. Fui para o CEJK em 1980 para lecionar Física. Prazer em reencontra-la.
      Edison Borba

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  3. Eu estudei la e tenho grandes recordações bons tempos

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