terça-feira, 16 de abril de 2019

EU (também) ESTAVA LÁ!


(por) Edison Borba




O ano 1984, o mês abril, o dia era 10, cinco dias antes do meu aniversário. Nesta época o Brasil ainda vivia sob o governo militar. Um ano antes, os movimentos por um país democrático, já haviam começado, incluindo o encontro da Praça da Sé em São Paulo. Mas, esse era um dia muito especial, aproximadamente um milhão de pessoas se reuniu no centro do Rio de Janeiro, espalhados pela Avenida Presidente Vargas e outras adjacentes, formavam um mar humano, nunca visto antes no país.  Era o maior encontro humano no Brasil.
A massa, ordeiramente cantou, aplaudiu, agitou bandeiras e manifestou seu desejo através de gritos de ordem. Ouviram os discursos de vários líderes políticos, aplaudindo, gritando e também silenciando, sempre focado num só sonho: “eleições para presidente do país”, isto é, “diretas já!”
“Gente” do teatro, música e arte estava no palanque apoiando o grande movimento, entre eles, a Musa das Diretas, Fafá de Belém, que cantou  o Hino Nacional Brasileiro.
No meio da multidão, havia um jovem sonhador, com o rosto coberto por uma barba escura e no peito um coração ávido por mudanças em seu país. Havia esperanças de que o Brasil seria totalmente diferente dos outros “Brasis”. Já havíamos passado por outras formas de governo, antes do governo militar e acreditávamos que a mudança seria a realização de um grande sonho. Porém, após a morte de Tancredo Neves, o povo percebeu, com o passar dos anos, que muitos dos cidadãos que estiveram no palanque naquele dia 10 de abril de 1984, traíram a confiança do povo. Quando assumiram o poder, erraram, traíram, roubaram, esqueceram as promessas e a  ética foi chutada para bem longe do país. Simplesmente se corromperam!
Eu estava lá! Eu cantei o hino nacional! Eu sonhei!
Eu me decepcionei!
Rio de Janeiro, 16 de abril de 2019.


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