sexta-feira, 19 de abril de 2019

SÁBADO DE ALELUIA


(por) Edison Borba



Anos 50, bairro de Inhaúma. Após os rituais da sexta-feira da Paixão, eu e meus irmãos íamos dormir na expectativa do sábado de Aleluia. Eram tempos dos bonecos representando o Judas, amanhecerem nos postes com algumas “fofocas” locais. Eram brincadeiras, nem sempre amistosas, que algumas vezes iam além de uma brincadeira. Mas, mesmo assim, o que interessava mesmo à garotada, era à hora da malhação. Os bilhetes contendo “informações” de algum morador, logo eram esquecidos. Ao meio dia, os bonecos eram retirados dos postes, malhados e depois incendiados. Era uma forma de extravasar sentimentos de insatisfação, com algumas situações da cidade, do  estado e até do País. Alguns bonecos traziam faixas com nomes de políticos, que naqueles tempos já se comportavam como traidores do povo. Acredito que essa “festa” nos dias atuais teria um congestionamento de Judas, tão grande é o número de corruptos. Felizmente, não se fazem Judas como antigamente e portanto estamos protegidos de um imenso fogaréu que aconteceria na nossa cidade colocando a nossa vida em risco.

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