(por) Edison Borba
Anos
50, bairro de Inhaúma. Após os rituais da sexta-feira da Paixão, eu e meus
irmãos íamos dormir na expectativa do sábado de Aleluia. Eram tempos dos
bonecos representando o Judas, amanhecerem nos postes com algumas “fofocas”
locais. Eram brincadeiras, nem sempre amistosas, que algumas vezes iam além de
uma brincadeira. Mas, mesmo assim, o que interessava mesmo à garotada, era à
hora da malhação. Os bilhetes contendo “informações” de algum morador, logo
eram esquecidos. Ao meio dia, os bonecos eram retirados dos postes, malhados e
depois incendiados. Era uma forma de extravasar sentimentos de insatisfação,
com algumas situações da cidade, do estado e até do País. Alguns bonecos traziam faixas
com nomes de políticos, que naqueles tempos já se comportavam como traidores do
povo. Acredito que essa “festa” nos dias atuais teria um congestionamento de
Judas, tão grande é o número de corruptos. Felizmente, não se fazem Judas como
antigamente e portanto estamos protegidos de um imenso fogaréu que aconteceria
na nossa cidade colocando a nossa vida em risco.
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