quarta-feira, 1 de maio de 2013

ANESTESIA MORAL

        Ouvi esse termo numa entrevista televisiva e fiquei realmente assustado. O tema analisado pelo jornalista era a violência no Brasil. Foram mostrados quadros comparativos entre o que acontece aqui  e em algumas regiões do mundo, consideradas  perigosas, como o Iraque. Para minha surpresa, o Brasil está muitos números acima dos países considerados extremamente violentos.
Outro momento da matéria foi realizado nas ruas. Perguntou-se a algumas pessoas, se elas achavam natural o número de assassinatos. E mais uma vez, fiquei pensativo: a  maioria respondeu que já estava acostumada com a violência diária.
Foi analisando o comportamento da população diante desse quadro apavorante, que o pesquisador usou o termo “anestesia moral”.
Estamos ficando anestesiados, isto é, um grande número de cidadãos não sente mais nada quando se depara com algum ato violento ou situação de pobreza. Crimes, assaltos, acidentes,  assassinatos, usuários de drogas e miséria, já não  comovem.
A vida continua sua rotina, enquanto corpos caem ao nosso lado. É preciso manter a roda da fortuna girando e girando. Precisamos seguir olhando para frente e dando vivas porque a bala perdida ainda não nos achou. O motorista bêbado não nos atropelou e a seca está acontecendo no nordeste brasileiro.
Precisamos correr e aproveitar o máximo, pois cada minuto de vida é uma vitória.
Essa situação anestésica foi vivenciada durante a segunda guerra mundial. Diante de tantas atrocidades, nada mais comovia os sobreviventes. Foram necessários muitos anos até que a população mundial resgatasse suas emoções.
Nas últimas semanas, fomos tão atingidos por um grande número de violências e mortes, que não temos mais vontade de escrever, comentar, analisar ou conversar sobre esse tipo de assunto. Estamos entrando numa zona de letargia extremamente perigosa. Quando as tragédias, não provocam nenhuma atitude de raiva, repulsa e indignação é  que estamos bem próximos de nos tornarmos zumbis.
Muitos brasileiros sofrem com a seca. A fome, a miséria, animais mortos, famílias abandonando seus lares, crianças desnutridas e a falta de trabalho já nem produzem notícias nos principais meios de comunicação. Creio que existam muitos brasileiros que ainda não tomaram conhecimento desse trágico momento, uma das maiores secas atinge o sertão nordestino. Nenhum movimento, nenhuma campanha está sendo anunciada. Estamos ignorando o Brasil nordestino, sem darmos conta de uma gigantesca tragédia nacional.
Todos estão preocupados em se manter em equilíbrio, sobrevivendo na corda bamba do aumento do preço dos tomates e de imaginar se estamos vivendo um  momento de crescimento real ou envolvidos numa gigantesca mentira.
Não podemos deixar a anestesia moral tomar conta das nossas vidas. Temos que nos indignar, reclamar, exigir mudanças e também colaborar para que essas mudanças aconteçam.
A História é viva! A História é vida!
Edison Borba
 

Um comentário:

  1. As reflexões pelos meios de seu discurso são realmente muito apaixonantes. Mas vale observar que o discurso do entrevistado que vc cita sugere uma ideia um tanto impulsiva das morais de se doutrinar quando diz que "a retomada dos direitos civis deve ser um processo muito monitorado e muito rigoroso, a ponto que um indivíduo que saia de uma prisão esteja convencido de que o crime não compensa". Se 'A História é viva! A História é vida!', observe natureza do discurso daquele homem.

    ResponderExcluir