domingo, 21 de junho de 2015

DESPLUGANDO

Hoje me peguei às lágrimas assistindo ao comercial de margarina. Aquele, em que o casal vestido de branco corre pela praia. Encontram-se; e ele a carrega nos braços  rodopia, com as ondas tocando em seus pés.
Lindo, emocionante ver aquela cena tendo ao fundo um pote de margarina.
Ultimamente me emociono com cenas que envolvem cães, gatos e outros bichos.
Uma criança correndo, num jardim florido me deixa sem fôlego.
Não sei se esse excesso de emoções é coisa de hormônios. Provavelmente a idade também seja outro fator preponderante para tanta sensibilidade.
Hormônios e idade ou provavelmente os dois fatores relacionados estejam me tornando um homem lacrimoso.
Importante lembrar, que não estou me referindo à tristeza. Nada disso! Tenho me sentido mais feliz e alegre vendo “coisas” na vida que até então não conseguia perceber.
Outro dia, me peguei recordando uma passagem do livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, em que ela relata a beleza de ver a banha derretendo no funda da panela.
Para ela, que vivia do que conseguia catar no lixão da cidade de São Paulo, ter um pouco de gordura para fritar algum “outro” achado na lixeira, era  motivo de grande felicidade.
Eu estou me pegando com esse tipo de emoção. Os pequenos acontecimentos estão me sensibilizando.
Também não estou mais frágil. Nada disso! É sensibilidade aflorando à pele. Estou conseguindo perceber tantas belezas onde não tinha tido a oportunidade de senti-la.
Ultimamente estamos sempre plugados nos celulares, computadores e outros aparelhinhos infernais, que não conseguimos perceber o mundo que está ao nosso redor.
Faz tempo que não sento num jardim apenas para observar as árvores ou as formigas no seu lento caminhar. Pássaros? Já nem sei reconhecê-los!
Não me sobra tempo para ficar à sombra num fazer nada. Não pensar em nada. Apenas sentar e sentir a natureza.
Acredito que a quantidade emoção acumulada é que está transbordando pelos meus olhos.
As lágrimas estão assinalando que meu pote está cheio e já começa a estravazar, como uma represa prestes a estourar.
Hoje percebi que preciso abrir um espaço em minha agenda para sonhar. Passar algum tempo sem clicar, sem enviar torpedos, sem me ligar em nenhum site.
Desplugar! Preciso desplugar e me ligar em mim. Prestar mais atenção na minha vida. Buscar sensações humanas. Deixar as máquinas e deixar de ser máquina.
Hoje percebi que preciso ser humano. Ser um homem despido de toda tecnologia e pelo menos por alguns momentos prestar mais atenção na minha essência.
Hoje eu quero apenas ser. Não quero ter nada.
Hoje vou deixar a minha sensibilidade plugada para com ela estabelecer contatos globalizados usando apenas meu ser.
Hoje vou ser feliz!

Edison Borba

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