quarta-feira, 7 de março de 2012

DE BOAS INTENÇÕES ...

Existe um ditado popular que afirma: “de boas intenções o inferno está cheio”. No dia cinco de março, passado, uma  rede de televisão, apresentou matéria cujo foco era o “bulliing”. Assunto muito sério e que deve ser sempre abordado. Porém, a forma com que se conduz uma entrevista pode ser fatal para os objetivos do tema tratado. No citado programa, o entrevistador aborda uma alegre garotinha, que em sua ingenuidade afirma que sofria preconceitos de seus coleguinhas de escola. A menininha, contou em detalhes o que acontecia com ela por ser “gordinha”. Citou os apelidos, e as dificuldades em ser aceita pela turma. Também fez observações sobre o distanciamento dos adultos, que não levavam muito a sério as suas queixas.
Após ouvir todo o relato, o entrevistador, voltou a questionar a garotinha, que sorria alegremente para as câmeras. – E agora? Perguntou o jornalista!
A estudante, com olhinhos brilhantes, respondeu: - Agora estou feliz! Não debocham mais de mim.
Nova pergunta: - Por  que?
Resposta: - Minha mãe me levou ao médico, estou fazendo regime e perdi alguns quilos. Estou mais magra e ninguém me chama de “bolo fofo”.
O jornalista parabenizou a garotinha e encerrou a entrevista exibindo a jovem sorrindo alegremente para o público.
Que pena! O profissional de comunicação perdeu uma boa oportunidade de trabalhar o tema. Não somos contra o tratamento ao qual a menina foi submetida. Não somos contra aos cuidados com a saúde. Porém, a vítima só deixou de ser vítima porque emagreceu. E as outras garotinhas sorridentes, mas que por algum motivo não conseguem emagrecer? Como fica a situação delas? Os mini carrascos, continuarão a agredi-las? Quem for gordo e não conseguir se livrar do excesso de gordura; continuarão a ser punidos pelos aplicadores do bullíing? Que perda de tempo! Que perda de oportunidade! Que entrevista mal conduzida!
É o que chamamos de “boas intenções”. Acreditamos que as propostas eram boas, porém acabou no inferno. De  certa forma, fortalecendo a ação dos agressores e colocando a culpa nas vítimas. És gordo? És gorda? Vá se tratar! Vá emagrecer! Siga o exemplo da alegre garotinha!
De boas intenções o inferno está cheio!
Edison Borba

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