quarta-feira, 14 de março de 2012

GONZAGA. GONZAGUINHA. GONZAGÃO.

Luiz Gonzaga, nordestino, rei do baião, sanfoneiro e cantador. A voz do nordeste. Ninguém cantou como ele as belezas e tristezas das terras nordestinas. Voz que irradiava alegria, mas também soava como um lamento de um povo marcado pela seca.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu
Porque tamanha judiação.

Versos de Asa Branca, uma das mais significativas poesias cantadas pelo Senhor da sanfona. Cidadão de Exu levou ao mundo o som dos boiadeiros, das rendeiras e dos retirantes. Rosto redondo, igual à lua cheia, sorriso largo e alegria contagiante, fez  desse  “cabra da peste” um rei.

Que braseiro que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Em Asa Branca, podemos sentir todo o lamento de um povo, que luta com a natureza, que é implacável em seu ciclo, mas que também sofre e perde para os políticos que transformam esse fenômeno natural, numa indústria financeira da miséria. Há anos, que a seca é usada como forma de desvio de verbas e enriquecimento ilícito.

Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim “vortar” por meu sertão

Pai de Gonzaguinha, outro grande nome da M.P.B., que usando um estilo diferente, também cantou o Brasil, fazendo de suas letras um grande “braseiro” sobre os amores, desamores, tristezas e desigualdades comuns em nosso país. Mas, como seu pai, também irradiou alegria e emoção por todas as estradas por onde passou.

Você diz que a luta é prazer
Ele diz que a luta é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o melhor é sofrer

Gonzaga. Gonzaguinha. Gonzagão.
Pai e filho unidos pela canção, voz e amor ao Brasil. Viveram, sem ter a vergonha de ser feliz. Entre baiões, zabumbas, xotes, violões e sanfonas espalharam sua arte por esse mundão de meu Deus.
Pó, poeira e sertão esses homens souberam falar aos nossos corações.

“Viver / quando o verde dos seus olhos se espalhar na plantação / E não ter a vergonha de ser feliz  / Eu te asseguro, não chores não, viu eu voltarei meu coração / E vamos cantar e cantar.

Com o peito cheio de saudades desses brasileiros “arretados” só nos resta ficar com a pureza da resposta das crianças, que a vida é bonita e é bonita!

Salve Luiz Gonzaga! Salve Gonzaguinha!

 Edison Borba

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