Ouvi
esse comentário de um amigo, que por sua vez leu em um muro da nossa cidade.
Uma frase, um desabafo, um comentário, uma verdade. No mundo consumista em que
estamos mergulhados, onde as marcas falam mais que as bocas e servem de
identidade, muitas vezes nos sentimos humilhados, por não conseguirmos
acompanhar a festa.
Minha
mochila não tem identificação, foi comprada numa loja simples do bairro em que
moro. Meu tênis é branco e ganhei no meu aniversário. Minhas camisetas são
duráveis e de boa qualidade, mas não trazem selos importados, identificando que
vieram de outros países. Meu carro é um bom veículo de locomoção. Com ele vou e
volto do meu trabalho e saio com minha família para passeios em minha cidade.
Moro
numa casa, ou melhor, num lar com o conforto de um trabalhador classe média.
Tudo que tenho é meu. Foi comprado com o meu dinheiro produto de bastante
trabalho.
Apesar
de ser um cidadão correto, já ouvi de algumas pessoas, questionamentos sobre o
meu automóvel. Perguntas sobre a beleza do veículo. Alguns até perguntaram se
eu não me sentia constrangido em dirigir tal carro.
Muitas
vezes, me pego conversando com meus familiares sobre o fato de termos conforto,
mas não vivermos “colados” em marcas. Não são conversas fáceis, principalmente
quando o nosso público é adolescente. Existe uma grande força exterior que
massacra as mentes, forçando-nos a usar um dinheiro de que não dispomos. Como esclarecer
aos jovens, que os cartões de crédito, cobram altos juros e que mochila boa é a
que dura e não a que foi comprada no shopping e foi produzida fora do nosso
País?
É
difícil manter o equilíbrio familiar, nadando contra a maré de informações e
propagandas enganosas, que se espalham por todos os lugares.
Como
é complexo convencer os filhos, que dirigir um carro, cuja velocidade
ultrapassa aos duzentos quilômetros por hora, pelas ruas da nossa cidade, não é
correto.
E
assim vamos sobrevivendo, lutando contra a onda de objetos descartáveis que em nada contribuem para o nosso
desenvolvimento mental, intelectual e ético.
Não
estou aqui tratando de CONFORMISMO. Minhas observações são diretamente
proporcionais à minha sobrevivência. Saber viver buscando melhorar a cada dia,
porém não se deixando enganar por convites perigosos que estão levando homens e
mulheres à loucura dos agiotas, cartões, cheques especiais e finalmente ao
desespero.
Ter
aquilo que posso pagar. Não se tornar escravo do ter para ser. Não se deixar
enganar por propagandas enganosas. Ter controle sobre o que compro e o que
posso comprar. São ações muitas vezes difíceis de serem realizadas, até porque
estamos muitas vezes sendo confrontados com ter ética e ter bens materiais.
Precisamos
ter orgulho de afirmar sem constrangimentos: É FEINHO, MAS É MEU!
Edison
Borba
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