Essa
semana algumas emissoras de televisão do Rio de Janeiro, mostraram nos seus
noticiários, o recolhimento de pessoas (homens, mulheres, jovens e crianças)
usuários de “crack”, das ruas do Rio de Janeiro. Não consegui desviar meus
olhos das cenas.
O
ambiente degradante, onde pessoas e lixo se misturavam, era extremamente
constrangedor. Alguns dormiam enrolados em cobertores sujos, outros caminhavam
sem destino, uns sentados ao redor de pequenas fogueiras. Um cenário tão
horripilante que nem os mais famosos filmes de terror conseguiram mostrar.
Diante
daquele cenário pensei na música de Caetano Veloso, nos versos em que ele diz:
Gente olha pro céu / Gente
é muito bom /Gente deve ser o bom /
Tem de
se cuidar / De se respeitar ...
Aquela
gente na rua do crack; há tempos não olha para céu. Perdeu a noção de ser um alguém.
Esqueceu o sabor do bom. Não se cuida e não se respeita.
Gente?
Que gente? Não são a “gente” da gente, nem as de Caetano.
As
de Caetano chamam-se Marina, Bethânia, Dolores, Renata, Leilinha, Suzana e Dedé .São gente viva, que vive a cantar e a
olhar as estrelas no céu.
Gente
que quer comer, ser feliz, respirar pelo nariz, não se injetam com drogas e
olham para as nuvens e sonham. As outras vagam na fumaça dos cachimbos envenenados.
Essa
gente do beco, não faz mais as tarefas do cotidiano. Não lavam roupa e nem
fazem a massa do pão. Suas mãos são usadas para machucar o pouco corpo que lhes resta. Não arrancam a vida com as
mãos. Arrancam a vida das mãos. Eles perderam a vontade de crescer, cantar e
dançar. Eles vão parar de luzir e aos poucos irão se apagar.
É
assustador, assistirmos esse suicídio coletivo e nos sentirmos impotentes.
Como
ajudá-los? Como salvá-los? Como mostrar a eles que vale a pena viver?
Qual
deve ser o nome deles? Quem são? De onde vieram?
Rodrigo,
Roberto, Moreno, Francisco, Gilberto e João são da tribo “caetana” irradiam luz. Mas os
outros, os do crack, eles como toda a gente do planeta feitos para brilhar, e não para morrer pelas
drogas. Eles tem o direito a uma vida com dignidade.
Gente
tem que querer durar, crescer, produzir, criar, amar e viver feliz!
Gente
é brilho de estrelas. Gente deste planeta, espelho da vida, doce mistério!
Edison
Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário