sexta-feira, 11 de maio de 2012

GENTE?

Essa semana algumas emissoras de televisão do Rio de Janeiro, mostraram nos seus noticiários, o recolhimento de pessoas (homens, mulheres, jovens e crianças) usuários de “crack”, das ruas do Rio de Janeiro. Não consegui desviar meus olhos das cenas.
O ambiente degradante, onde pessoas e lixo se misturavam, era extremamente constrangedor. Alguns dormiam enrolados em cobertores sujos, outros caminhavam sem destino, uns sentados ao redor de pequenas fogueiras. Um cenário tão horripilante que nem os mais famosos filmes de terror conseguiram mostrar.
Diante daquele cenário pensei na música de Caetano Veloso, nos versos em que ele diz:
                        Gente olha pro céu / Gente é muito bom /Gente deve ser o bom /
                          Tem de se cuidar / De se respeitar ...
Aquela gente na rua do crack; há tempos não olha para céu. Perdeu a noção de ser um alguém. Esqueceu o sabor do bom. Não se cuida e não se respeita.
Gente? Que gente? Não são a “gente” da gente, nem as de Caetano. 
As de Caetano chamam-se Marina, Bethânia, Dolores, Renata, Leilinha, Suzana e Dedé         .São gente viva, que vive a cantar e a olhar as estrelas no céu.           
Gente que quer comer, ser feliz, respirar pelo nariz, não se injetam com drogas e olham para as nuvens e sonham. As outras vagam na fumaça dos cachimbos envenenados.
Essa gente do beco, não faz mais as tarefas do cotidiano. Não lavam roupa e nem fazem a massa do pão. Suas mãos são usadas para machucar o pouco corpo  que lhes resta. Não arrancam a vida com as mãos. Arrancam a vida das mãos. Eles perderam a vontade de crescer, cantar e dançar. Eles vão parar de luzir e aos poucos irão se apagar.
É assustador, assistirmos esse suicídio coletivo e nos sentirmos impotentes.
Como ajudá-los? Como salvá-los? Como mostrar a eles que vale a pena viver?
Qual deve ser o nome deles? Quem são? De onde vieram?
Rodrigo, Roberto, Moreno, Francisco, Gilberto e João  são da tribo “caetana” irradiam luz. Mas os outros, os do crack, eles como toda a gente do planeta  feitos para brilhar, e não para morrer pelas drogas. Eles tem o direito a uma vida com dignidade.
Gente tem que querer durar, crescer, produzir, criar, amar e viver feliz!
Gente é brilho de estrelas. Gente deste planeta, espelho da vida, doce mistério!

Edison Borba









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