quarta-feira, 16 de maio de 2012

É O MAIOR. É O MELHOR?

A seca é um fenômeno cíclico das terras nordestinas. Inúmeros filmes e romances foram criados tendo como pano de fundo essa calamidade.
Animais mortos em pastos ressecados. O verde abrindo espaço para o marrom e o bege. Uma fina poeira dançando ao sabor do vento. Homens, mulheres e crianças caminhando horas a pé na tentativa de encontrar alguma “gota” que lhes possa matar a sede. Esse quadro se repete em ciclos.
As enchentes amazônicas também acontecem observando um sistema de chuvas. As águas que caem nas cabeceiras aumentam o volume dos rios, que provocam inundações em muitas cidades.
Tanto a seca quanto as enchentes, são fenômenos característicos da paisagem brasileira. Acontecem com maior ou menor intensidade, dependendo de diversos fatores ambientais. Eles são cíclicos, isto é, podem ser esperados e assinalados em nossos calendários.
O mundo cresceu, as sociedades se orgulham das  incríveis tecnologias. Máquinas sofisticadas são lançadas nos mercados. Fala-se em comunicação globalizada. Uma rede de computadores mantém o mundo plugado.
Nada disso tem sido suficiente para haver uma organização capaz de conviver com os fenômenos da natureza.
Este ano, estamos convivendo com uma das maiores secas nordestinas e uma das graves enchentes amazônicas. E paralelamente a esses fenômenos, estamos observando o grande despreparo para conviver com o que já se espera da natureza.
Há países que se preocupam em construir prédios que possam suportar os abalos sísmicos. Esses povos não esperam acontecer, agem antes do fenômeno se manifeste.
O Brasil, o maior país da América Latina, “curte” conviver com títulos de “é o maior”. Infelizmente esse status de grandeza, não é paralelo ao de “melhor”. Há uma inversão de valores, tudo indica que deixar acontecer para depois tentar remediar é um comportamento tipicamente brasileiro. Ostentar o título de ter o maior território sulamericano onde acontece a mais impressionante seca e a mais devastadora enchente de rio de todos os tempos nos enche de orgulho. Continuamos com mania de grandeza, nem que seja para as catástrofes.
Os noticiários afirmam que há tempos não acontecia uma seca tão grande. Mostram gráficos e percentuais sobre as enchentes amazônicas e afirmam que esta é uma das maiores que já aconteceu em nosso país.
Pomposamente anunciam a grande quantidade de municípios nordestinos atingidos pela seca. Mostram imagens da sofrida população e gráficos comparativos com anos anteriores, afirmando que em 2012  a situação está bem pior.
Situações apresentadas com um “certo” orgulho e mania de grandeza. Somos os maiores, não importa em que!
Continuo com a mesma questão: se é cíclico, logo é esperado. Sendo esperado, por que não existe uma organização para que o fenômeno não se transforme em tragédia?
Onde estão os recursos para as obras de prevenção às secas e as enchentes?
Enquanto tudo isso acontece, no planalto central, uma cachoeira de escândalos inunda o país com a lama da corrupção. Somos campeões em desvio de verbas públicas. Somos imbatíveis em corrupção.
O importante é ocupar o primeiro lugar, mesmo que seja em falcatruas!
Uma vergonha!
Edison Borba





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