A seca é
um fenômeno cíclico das terras nordestinas. Inúmeros filmes e romances foram
criados tendo como pano de fundo essa calamidade.
Animais
mortos em pastos ressecados. O verde abrindo espaço para o marrom e o bege. Uma
fina poeira dançando ao sabor do vento. Homens, mulheres e crianças caminhando
horas a pé na tentativa de encontrar alguma “gota” que lhes possa matar a sede.
Esse quadro se repete em ciclos.
As
enchentes amazônicas também acontecem observando um sistema de chuvas. As águas
que caem nas cabeceiras aumentam o volume dos rios, que provocam inundações em
muitas cidades.
Tanto a
seca quanto as enchentes, são fenômenos característicos da paisagem brasileira.
Acontecem com maior ou menor intensidade, dependendo de diversos fatores
ambientais. Eles são cíclicos, isto é, podem ser esperados e assinalados em
nossos calendários.
O mundo
cresceu, as sociedades se orgulham das incríveis tecnologias. Máquinas sofisticadas
são lançadas nos mercados. Fala-se em comunicação globalizada. Uma rede de
computadores mantém o mundo plugado.
Nada
disso tem sido suficiente para haver uma organização capaz de conviver com os
fenômenos da natureza.
Este ano,
estamos convivendo com uma das maiores secas nordestinas e uma das graves
enchentes amazônicas. E paralelamente a esses fenômenos, estamos observando o
grande despreparo para conviver com o que já se espera da natureza.
Há países
que se preocupam em construir prédios que possam suportar os abalos sísmicos.
Esses povos não esperam acontecer, agem antes do fenômeno se manifeste.
O Brasil,
o maior país da América Latina, “curte” conviver com títulos de “é o maior”. Infelizmente
esse status de grandeza, não é paralelo ao de “melhor”. Há uma inversão de
valores, tudo indica que deixar acontecer para depois tentar remediar é um
comportamento tipicamente brasileiro. Ostentar o título de ter o maior
território sulamericano onde acontece a mais impressionante seca e a mais
devastadora enchente de rio de todos os tempos nos enche de orgulho.
Continuamos com mania de grandeza, nem que seja para as catástrofes.
Os
noticiários afirmam que há tempos não acontecia uma seca tão grande. Mostram
gráficos e percentuais sobre as enchentes amazônicas e afirmam que esta é uma
das maiores que já aconteceu em nosso país.
Pomposamente
anunciam a grande quantidade de municípios nordestinos atingidos pela seca.
Mostram imagens da sofrida população e gráficos comparativos com anos
anteriores, afirmando que em 2012 a
situação está bem pior.
Situações
apresentadas com um “certo” orgulho e mania de grandeza. Somos os maiores, não
importa em que!
Continuo
com a mesma questão: se é cíclico, logo é esperado. Sendo esperado, por que não
existe uma organização para que o fenômeno não se transforme em tragédia?
Onde
estão os recursos para as obras de prevenção às secas e as enchentes?
Enquanto
tudo isso acontece, no planalto central, uma cachoeira de escândalos inunda o
país com a lama da corrupção. Somos campeões em desvio de verbas públicas. Somos
imbatíveis em corrupção.
O
importante é ocupar o primeiro lugar, mesmo que seja em falcatruas!
Uma vergonha!
Edison
Borba
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