domingo, 8 de dezembro de 2013

UM DIA ESPECIAL

     Oito de dezembro seria mais um dia no calendário, que comporta trezentos e sessenta e cinco, não fosse nesta data que nasceu uma mulher, uma simples brasileira. Como tantas outras nascidas no Brasil, ela lutou bastante para sobreviver. Sua vida pode ser comparada a uma dessas sagas de heróis e heroínas, que encontramos nos livros de história.
Parida num pequeno sítio de uma cidade do interior do Brasil, ela foi à décima sexta criança a vir ao mundo naquele lar. Pais “roceiros” plantavam e colhiam para a subsistência familiar, ela e os irmãos cresceram na terra e sobreviveram pela terra.
Um dia, seu pai saiu em busca de sonhos e nunca mais voltou. Sua mãe, mulher valente, migrou com os filhos para uma cidade mais próspera.  Depois para mais outra e mais outra até chegarem ao Rio de Janeiro. Todos analfabetos,  os dezesseis irmãos foram, construindo suas vidas, independentemente.   
Ela, como os irmãos, também buscou caminhos de sobrevivência, através de uma força que provavelmente nem ela sabia possuir. Sem registro de nascimento e sendo chamada de Josefa, a guerreira foi à luta e contando com ajuda de amigos, registrou-se, porém, escolheu o nome de Hilda. Começava aqui a saga da guerreira.
Por seu próprio esforço aprendeu a ler e tornou-se operária. Trabalhou como tecelã,  “colocadora” de cortiça em tampinhas de cerveja e lavadeira. Incansável e sempre buscando o saber, lia recortes de jornal e revistas e livros comprados em “sebos”. Casou, lutou com seu companheiro para educar os filhos. Sempre alegre, gostava de cantar canções de Dalva de Oliveira e Ângela Maria. Mulher forte, guerreira, lutava pelos direitos de outras mulheres do bairro em que morava. Nunca admitiu preconceitos. Muito antes da sociedade se preocupar com igualdades entre mulheres e homens,  direitos de escolhas sexuais e religiosas ela empunhava bandeiras pela igualdade social.
Vaidosa adorava perfumes e também “ruidosa”, era bem falante, sempre pronta a conversar sobre qualquer assunto. Pensava-se tratar-se de uma “diplomada” em faculdade.
Sonhadora, tinha sempre uma palavra de estímulo para seus amigos. Em tempos sem internet e outros veículos de comunicação, ela era capaz de imaginar um futuro diferente e próspero para seus filhos. Sabia lidar com a economia do lar e conduzir a família por um caminho cultural, pouco comum para a época.
Essa incrível mulher “É” minha mãe! Batizada Josefa, registrada Hilda e conhecida como Zefa, deixou marcas nesse mundo.
Um dia sua voz calou-se e ela foi lutar em outro plano.
Hoje dia do seu aniversário, quero homenageá-la, pedindo a sua benção!
      Hida de Freitas Borba – 8 de dezembro de 1915 / 4 de abril de 1982.
Edison Borba
 

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