Oito de dezembro
seria mais um dia no calendário, que comporta trezentos e sessenta e cinco, não
fosse nesta data que nasceu uma mulher, uma simples brasileira. Como tantas
outras nascidas no Brasil, ela lutou bastante para sobreviver. Sua vida pode
ser comparada a uma dessas sagas de heróis e heroínas, que encontramos nos
livros de história.
Parida num
pequeno sítio de uma cidade do interior do Brasil, ela foi à décima sexta
criança a vir ao mundo naquele lar. Pais “roceiros” plantavam e colhiam para a
subsistência familiar, ela e os irmãos cresceram na terra e sobreviveram pela
terra.
Um dia, seu pai
saiu em busca de sonhos e nunca mais voltou. Sua mãe, mulher valente, migrou
com os filhos para uma cidade mais próspera. Depois para mais outra e mais outra até
chegarem ao Rio de Janeiro. Todos analfabetos, os dezesseis irmãos foram, construindo suas
vidas, independentemente.
Ela, como os
irmãos, também buscou caminhos de sobrevivência, através de uma força que
provavelmente nem ela sabia possuir. Sem registro de nascimento e sendo chamada
de Josefa, a guerreira foi à luta e contando com ajuda de amigos, registrou-se,
porém, escolheu o nome de Hilda. Começava aqui a saga da guerreira.
Por seu próprio
esforço aprendeu a ler e tornou-se operária. Trabalhou como tecelã, “colocadora” de cortiça em tampinhas de cerveja
e lavadeira. Incansável e sempre buscando o saber, lia recortes de jornal e revistas
e livros comprados em “sebos”. Casou, lutou com seu companheiro para educar os
filhos. Sempre alegre, gostava de cantar canções de Dalva de Oliveira e Ângela
Maria. Mulher forte, guerreira, lutava pelos direitos de outras mulheres do
bairro em que morava. Nunca admitiu preconceitos. Muito antes da sociedade se
preocupar com igualdades entre mulheres e homens, direitos de escolhas sexuais e religiosas ela
empunhava bandeiras pela igualdade social.
Vaidosa adorava
perfumes e também “ruidosa”, era bem falante, sempre pronta a conversar sobre
qualquer assunto. Pensava-se tratar-se de uma “diplomada” em faculdade.
Sonhadora, tinha
sempre uma palavra de estímulo para seus amigos. Em tempos sem internet e
outros veículos de comunicação, ela era capaz de imaginar um futuro diferente e
próspero para seus filhos. Sabia lidar com a economia do lar e conduzir a
família por um caminho cultural, pouco comum para a época.
Essa incrível
mulher “É” minha mãe! Batizada Josefa, registrada Hilda e conhecida como Zefa,
deixou marcas nesse mundo.
Um dia sua voz
calou-se e ela foi lutar em outro plano.
Hoje dia do seu
aniversário, quero homenageá-la, pedindo a sua benção!
Hida de Freitas
Borba – 8 de dezembro de 1915 / 4 de abril de 1982.
Edison Borba
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