Quem é observador, já deve ter percebido
que muitos profissionais, das mais diversas áreas, quando entrevistados e
perguntados sobre o seu fazer, colocam o sofrimento como uma questão inerente ao
seu labor.
Uma artista da pintura deixou
transparecer durante uma entrevista para um jornalista, a sua entrega total e o
sofrimento durante a sua criação. Nas suas palavras, havia mágoa, como se a arte tivesse roubado momentos
de sua vida particular. Essa atitude pode ser observada em profissionais, das mais diversas áreas, seja motorista de ônibus, cozinheiros, professores, médicos, atletas, bancários, atores,
cantores, vendedores, corretores, taxistas e até empresários.
Os motivos do sofrimento vão desde as
viagens, mudanças constantes, agendas lotadas de compromissos, horários
complicados, perdas e lucros baixos. E mais, horas extras a cumprir, relação complicada
com os colegas, chefes rígidos, muitos clientes para atender, diversidades de
hotéis e aeroportos durante as constantes viagens, salários inadequados e muito
mais, numa ladainha, penosa e triste que
nos leva a acreditar que trabalhar é um fardo pesado para muitas pessoas independentemente
de cargo ou função. A insatisfação no fazer independe até de salários!
Com a chegada das festas de final de
ano, esse sofrimento aumenta. Sofre-se por ter que fazer plantão e não estar em
casa com os familiares, fazer uma
cirurgia na hora da ceia, pilotar um avião na noite de Natal, dirigir taxi no momento em que Papai Noel está
trocando presentes, cozinhar para outros festejarem, manter as linhas de luz e
telefones funcionando além de muitas outras tarefas. Há um rosário de
lamentações e sofrimento, tornando o ato de ser um profissional uma tortura.
Existe uma diferença entre o prazer em
fazer e o sofrer ao fazer. Quando fazemos o que gostamos, sabemos das
dificuldades que o nosso ofício oferece e tudo acontece mais equilibradamente. Neste
caso o trabalho e o prazer se misturam. Porém, quando estamos trabalhando com
algo de que não gostamos, apenas por necessidades financeiras mesmo quando as
condições são ótimas, o sofrimento vai surgir. Lamentavelmente, muitas pessoas
são obrigadas a trabalhar com “fazeres”
que não lhes são agradáveis. Neste caso, saber transformar é uma atitude
difícil, mas que se faz necessário, caso essa mudança não aconteça haverá
sofrimento, mau atendimento, pouco rendimento e com o passar do tempo até
constrangimentos. A sensação de pouco valor e menos valia irá se acentuar e
poderá vir a se transformar num desequilíbrio psicobiológico.
Trabalhar, produzir, criar, empreender
independente do tipo de “fazer” deverá ser uma atitude prazerosa e de
conquista. A alegria de ver os alimentos preparados por nós sendo degustado por várias
pessoas, é indescritível. A alegria de alfabetizar, curar, transportar,
informar, produzir algo que será aproveitado pelo mundo é inenarrável.
Profissional sofrimento? Quando existe,
é trágico! É uma situação que poderá ter graves consequências, causando
sofrimento em larga escala. É preciso evitar!
Edison Borba
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