domingo, 1 de dezembro de 2013

PROFISSIONAL SOFRIMENTO!

           Quem é observador, já deve ter percebido que muitos profissionais, das mais diversas áreas, quando entrevistados e perguntados sobre o seu fazer, colocam o sofrimento como uma questão inerente ao seu labor.
Uma artista da pintura deixou transparecer durante uma entrevista para um jornalista, a sua entrega total e o sofrimento durante a sua criação. Nas suas palavras,  havia  mágoa, como se a arte tivesse roubado momentos de sua vida particular. Essa atitude pode ser observada em  profissionais, das mais diversas áreas, seja  motorista de ônibus, cozinheiros,  professores, médicos, atletas, bancários, atores, cantores, vendedores, corretores, taxistas e até empresários.
Os motivos do sofrimento vão desde as viagens, mudanças constantes, agendas lotadas de compromissos, horários complicados, perdas e lucros baixos. E mais, horas extras a cumprir, relação complicada com os colegas, chefes rígidos, muitos clientes para atender, diversidades de hotéis e aeroportos durante as constantes viagens, salários inadequados e muito mais,  numa ladainha, penosa e triste que nos leva a acreditar que trabalhar é um fardo  pesado para muitas pessoas independentemente de cargo ou função. A insatisfação no fazer independe até de salários!
Com a chegada das festas de final de ano, esse sofrimento aumenta. Sofre-se por ter que fazer plantão e não estar em casa com os familiares,  fazer uma cirurgia na hora da ceia, pilotar um avião na noite de Natal, dirigir  taxi no momento em que Papai Noel está trocando presentes, cozinhar para outros festejarem, manter as linhas de luz e telefones funcionando além de muitas outras tarefas. Há um rosário de lamentações e sofrimento, tornando o ato de ser um profissional uma tortura.
Existe uma diferença entre o prazer em fazer e o sofrer ao fazer. Quando fazemos o que gostamos, sabemos das dificuldades que o nosso ofício oferece e tudo acontece mais equilibradamente. Neste caso o trabalho e o prazer se misturam. Porém, quando estamos trabalhando com algo de que não gostamos, apenas por necessidades financeiras mesmo quando as condições são ótimas, o sofrimento vai surgir. Lamentavelmente, muitas pessoas são obrigadas  a trabalhar com “fazeres” que não lhes são agradáveis. Neste caso, saber transformar é uma atitude difícil, mas que se faz necessário, caso essa mudança não aconteça haverá sofrimento, mau atendimento, pouco rendimento e com o passar do tempo até constrangimentos. A sensação de pouco valor e menos valia irá se acentuar e poderá vir a se transformar num desequilíbrio psicobiológico.
Trabalhar, produzir, criar, empreender independente do tipo de “fazer” deverá ser uma atitude prazerosa e de conquista. A alegria de ver os alimentos  preparados por nós sendo degustado por várias pessoas, é indescritível. A alegria de alfabetizar, curar, transportar, informar, produzir algo que será aproveitado pelo mundo é inenarrável.
Profissional sofrimento? Quando existe, é trágico! É uma situação que poderá ter graves consequências, causando sofrimento em larga escala. É preciso evitar!
Edison Borba

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