segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A MOCHILA COR DE ROSA

            A mochila cor de rosa, na vitrine de uma loja, sonhava um dia ser levada por uma menina. Uma dessas garotas sonhadoras que gostam da cor das rosas.

O tempo passava e nada. Nenhuma garota olhava para ela. Nenhuma menina se interessava por aquela mochila. As pinks, amarelas e vermelhas eram as preferidas.

O tempo passando e ela sonhando com os livros que poderia carregar. Talvez cadernos escolares, lápis coloridos, canetas e outros objetos usados para estudar.

            Era uma sonhadora!  Pensava em poder levar um diário, daqueles cheios de lembranças e paixões. Repleto de revelações como o primeiro amor, o beijo escondido e a espera de um convite mais ousado.

            Como seria bom ter uma amiga, que a levasse em seu ombro, pelos parques, jardins, escola e até para as lanchonetes.

O tempo foi passando e ela esperando.

Um dia, ou melhor,  uma tarde, a linda garota de sorriso feliz chegou até a vitrine e a olhou com interesse. Foi amor à primeira vista. As duas se apaixonaram.

Nasceu  naquele momento uma grande amizade.

Tornaram-se companheiras, amigas e confidentes. Era maravilhoso sair todos os dias pendurada no ombro da menina de sorriso bonito, rumo ao colégio.

Ficar no cantinho da classe e assistir a todas as aulas. Mas o melhor era o recreio. Nesse momento ela ouvia histórias de outras meninas e outras mochilas. E eram tantos os sonhos e alegrias, que ela nem reclamava quando ficava pesada com tantos objetos que era obrigada a carregar.

Tinham os materiais escolares, os produtos de beleza, merenda e mais um montão de traquitanas que para nada serviam, mas que faziam parte da vida de sua amiga. Ah! Sua amiga! Gostava de ouvir a sua voz e as ruas risadas. Quando percebia alguma tristeza, agarrava-se em sua dona, tentando passar para ela todo o seu carinho.

O tempo passando e as duas cada vez mais envolvidas por uma linda amizade.

Mas, um dia, um homem cruel viu a menina e sua linda mochila. Na realidade nem era um homem adulto. Era um desses rapazes, que até podia ser mais um dos amigos da menina da mochila. Menino mau. Rapaz sem coração. Homem perverso.

Uma tragédia se anunciou.

Um tiro. Uma menina sangrando. Sua mochila sendo levada.

Morreu a menina de sorriso alegre.

A dona da mochila cor de rosa.

Calçada manchada de sangue.

Vermelho contrastando com o rosa da mochila.

Menina morta.

Sonhos apagados.

A mochila cor de rosa está jogada num canto da uma delegacia de polícia.

 - Em memória de Caroline Silva Lee, 15 anos, assassinada em São Paulo.

  Edison Borba

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