Ouvi essa palavra numa entrevista em um
telejornal, cujo assunto abordado lamentavelmente era morte.
A entrevistadora conversava com um
cidadão sobre o assassinato de um DJ, que ousou executar músicas que não
agradaram aos dominadores de uma determinada comunidade. Ao ser perguntado sobre
o assassinato, motivado pela letra de um funk, o entrevistado afirmou: “acho
tudo isso uma bizarrice”.
Acredito que a resposta se referia aos
assassinos, que matam apenas por fanfarrice. A vida humana banalizada.
Realmente isso é uma bizarrice! Matar por prazer. Matar por não gostar de uma
letra de música. Matar por matar. Matar para se divertir. A morte como prazer e
satisfação pessoal e a imposição da força através do medo.
Isso é realmente bizarro!
Com essa palavra martelando em minha
cabeça, comecei a imaginar o que mais poderíamos considerar bizarro: o desvio
do dinheiro público, a falta de cuidados com a natureza, as intermináveis filas
nas portas dos hospitais, o salário dos professores, a manipulação de
resultados de pesquisas sociais, as cracolândias, o grande número de
brasileiros analfabetos, o discurso dos candidatos à próxima eleição, a
poluição dos rios, o aproveitamento político da seca no nordeste, a falta de
caráter de alguns representantes da lei, a pouca aplicação financeira para a
educação, a infância abandonada e muitos outros fatos que poderiam ser evitados
ou amenizados podemos considerar uma bizarrice.
O mês de setembro de dois mil e doze se
encaixa nesse termo. Foram trinta dias de vários assassinatos, chacinas,
assaltos, greves e sequestros. Uma mistura de fatos desagradáveis acontecendo
de forma tão íntima com a sociedade, que não sentimos dor nem pesar, ao tomarmos
conhecimento sobre essas questões. Estamos ficando letárgicos.
A morte do jovem DJ foi simplesmente,
inacreditável! Morto e esquartejado
apenas e (somente) por ter executado uma
obra musical.
Isso é sem dúvida, muito bizarro!
Até quando continuaremos a conviver com
esse tipo de atrocidade?
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