segunda-feira, 1 de outubro de 2012

BIZARRICE

           Ouvi essa palavra numa entrevista em um telejornal, cujo assunto abordado lamentavelmente era morte.
A entrevistadora conversava com um cidadão sobre o assassinato de um DJ, que ousou executar músicas que não agradaram aos dominadores de uma determinada comunidade. Ao ser perguntado   sobre o assassinato, motivado pela letra de um funk, o entrevistado afirmou: “acho tudo isso uma bizarrice”.
Acredito que a resposta se referia aos assassinos, que matam apenas por fanfarrice. A vida humana banalizada. Realmente isso é uma bizarrice! Matar por prazer. Matar por não gostar de uma letra de música. Matar por matar. Matar para se divertir. A morte como prazer e satisfação pessoal e a imposição da força através do medo.
Isso é realmente bizarro!
Com essa palavra martelando em minha cabeça, comecei a imaginar o que mais poderíamos considerar bizarro: o desvio do dinheiro público, a falta de cuidados com a natureza, as intermináveis filas nas portas dos hospitais, o salário dos professores, a manipulação de resultados de pesquisas sociais, as cracolândias, o grande número de brasileiros analfabetos, o discurso dos candidatos à próxima eleição, a poluição dos rios, o aproveitamento político da seca no nordeste, a falta de caráter de alguns representantes da lei, a pouca aplicação financeira para a educação, a infância abandonada e muitos outros fatos que poderiam ser evitados ou amenizados podemos considerar uma bizarrice.
O mês de setembro de dois mil e doze se encaixa nesse termo. Foram trinta dias de vários assassinatos, chacinas, assaltos, greves e sequestros. Uma mistura de fatos desagradáveis acontecendo de forma tão íntima com a sociedade, que não sentimos dor nem pesar, ao tomarmos conhecimento sobre essas questões. Estamos ficando letárgicos.
A morte do jovem DJ foi simplesmente, inacreditável!  Morto e esquartejado apenas e  (somente) por ter executado uma obra musical.
Isso é sem dúvida, muito bizarro!
Até quando continuaremos a conviver com esse tipo de atrocidade?
 Edison Borba
 

 

 

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