Em pleno século vinte e um soa um pouco
estranho escrever cartas de amor. Talvez
melhor emails formatados em letra
Constantia ou Times New Roman reforçadas em negrito. No final fazer
alinhamento, aplicar o revisor de textos, incluir algumas animações,
clicar e enviar.
Tudo rápido e padronizado. Basta tocar
uma tecla e lá se vai a mensagem para todo o mundo, com cópia oculta para mais
e mais leitores.
Cartas de amor possuem características
que não podem ser imitadas, e jamais serão igualados. São únicas! A letra, a
tinta, a caneta, o papel e o texto se completam. São peças raras que traduzem
emoções.
Letra forte e calcada para dizer adeus.
Letra tremida e fragilizada pedindo
perdão.
Letra redonda, harmonicamente desenhada
para traduzir um amor puro.
Letra manchada pelas lágrimas da
saudade.
Cartas cujos perfumes traduzem o texto.
Cartas esperadas com paixão.
Cartas fechadas, lacradas com texto
guardado em segredo pelo medo da revelação.
Cartas lançadas ao mar, levadas pela
correnteza.
Amassadas e rasgadas antes mesmo de
serem lidas.
Cartas extraviadas cujo remetente sofre
a espera da resposta que nunca virá.
Cartas beijadas, manchadas de batom,
trazendo os lábios da amada.
Cartas mentirosas, com promessas dúbias
que jamais serão cumpridas.
Cartas de amor são mensageiras de
emoção. Elas carregam sentimentos. São portadoras de paixões. Documentos de
relações felizes ou torturadas. Guardadas em baús ou gavetas, guardam marcas de
relações longas ou efêmeras. Amareladas com tempo envelhecem juntamente com
seus atores.
Capazes de reacender emoções adormecidas
esses maravilhosos e pequenos pedacinhos de papel são inesquecíveis.
Felizes aqueles que puderam algum dia
escrever ou receber uma carta de amor.
Edison Borba
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