terça-feira, 19 de março de 2013

CUIDADO, ESCOLA!

            Esse aviso pode ter dupla interpretação. Podemos ler, cuidado, tem escola por perto, como sendo um sinal de perigo, ou então, cuidado, escola, como um pedido de atenção para com as unidades de ensino.
            Prefiro ficar com  segunda opção -  precisamos cuidar melhor das instalações das nossas escolas (prédios), atentar para a melhoria do processo psicopedagógico, rever metodologias, atender os Docentes, não só com melhores salários, mas também com capacitação continuada e respeito social, não descuidar dos funcionários que colaboram para que toda a estrutura escolar se mantenha em funcionamento e principalmente dos agentes do processo, os alunos.
            Os jornais desta semana publicaram observações críticas em relação às redações dos alunos que participaram do ENEM. Na matéria jornalística, encontramos redações que receberam nota máxima, apesar de graves erros de ortografia, como: “rasoavel”, “trousse”, “enchergar”, além de concordâncias verbais, acentuação e pontuação.
            Sabemos das dificuldades que a língua portuguesa nos apresenta. Provavelmente é uma das mais difíceis de ser dominada. Por ser muito rica e ter sofrido uma grande quantidade de interferências de outros idiomas, dominá-la plenamente é tarefa para poucos. A sua beleza também é sinônimo de dificuldades, porém existem algumas regras mínimas e básicas que não devem ser feridas. É exatamente neste ponto que está o maior problema. Nossos jovens candidatos às vagas no Ensino Superior estão cada vez mais pecando não só na ortografia, mas na capacidade pensar e interpretar o que foi lido.
            Essa situação fica cada vez mais trágica, pois funciona como uma rede que tece a vida do estudante e futuro profissional numa armadilha, que acaba em catástrofes.
             Na medicina, temos acompanhado situações que apontam para a dificuldade de interpretar regras e ordens e assim, poder agir corretamente. Um profissional que injeta leite na veia de um paciente entre outros casos pode estar indicando incapacidade de entender corretamente o que lhe foi solicitado.
            As redações do ENEM podem ser um indicativo de que precisamos  rever, revolucionar e reorganizar as várias metodologias, regras e leis que regem nosso processo educativo.
            As provas da OAB, também denunciam a falta de qualidade no ensino brasileiro, desde as primeiras séries do ensino infantil.
            Alfabetizar é um dos mais importantes momentos da educação de um cidadão. Aprender a ler é mais do que pronunciar palavras, é antes de tudo pensar, interpretar e entender. Desse conjunto nascem as ações.
 
            Infelizmente, no Brasil o número de pessoas que não sabem ler e nem escrever o próprio nome ainda é muito alto. Porém,  outro grupo é bastante preocupante, são os analfabetos funcionais. Homens e mulheres que sabem reconhecer palavras escritas e fazer uma  leitura de letras e sílabas, mas não têm condições de entender o significado daquilo que estão “lendo”. Lamentavelmente, representantes desse grupo, estão chegando ao Ensino Superior e obtendo o direito de atuar como profissionais nas mais diversas áreas.
            A sociedade corre riscos ao se encontrar com esses diplomados e obter os seus serviços. Há risco de vida e morte. Há risco de sobrevivência. Há risco social.
            Diante desse quadro, fica difícil acreditar no Brasil como um líder entre as grandes potências mundiais.
            Ainda é tempo de agir! Vamos aproveitar os erros cometidos nas redações do ENEM e iniciarmos um amplo movimento de alfabetização nacional!
            Não basta criticar e até ridicularizar, transformando esses casos em motivo de pilhéria. O assunto é sério e devemos tratá-lo com a atenção e respeito que ele merece.
Edison Borba

 

 

 

 

 

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