domingo, 10 de março de 2013

EMÍLIA SAMÚDIO NÃO MORREU

           Após dias e dias de uma grade festa jornalística, é promulgada  a sentença (!!??): uma absolvição e uma condenação de vinte e dois anos dois quais dois já foram cumpridos. Aplicam-se algumas regras matemáticas judiciárias e o suposto assassino estará livre em menos de quatro anos. E viverá livre leve e solto.

Esse é mais um caso entre tantos outros que, definitivamente, no Brasil o crime compensa. Não ficarei surpreso se o “talentoso” réu vir a ser convocado para a seleção brasileira de futebol. Será entrevistado em diversos programas de rádio e televisão e somará mais uma modelo em sua coleção de amantes.

Triste final para uma novela da vida real. Durante semanas todos os sistemas de comunicação apresentaram a história do goleiro com a bela jovem, sob  diversos ângulos. Nunca, ouviu-se tanto besteirol. Advogados, psicólogos, educadores, analistas, sociólogos e anônimos apresentando teses sobre o caso. Macarrão, bola, a mulher (a oficial), as amantes, as quase amantes, as amigas das quase amantes, primos, vizinhos, motoristas, seguranças todos tiveram a oportunidade de gozar os quinze minutos de fama.

Os jornalistas, driblando mais do que Kaká, buscavam apresentar em primeira mão as opiniões dos diversos advogados. Vivemos um período de festa. Um carnaval com direito ao uso de máscaras e de tristes alegorias. E tudo se acabou na quarta-feira. A loucura foi tão grande que até o dia internacional da Mulher, foi aventado para ser o momento da divulgação da sentença. Que sentença?

Após todo o espetáculo, a plateia se retira do teatro, aguardando pela próxima atração, que deverá acontecer em São Paulo, quando teremos um julgamento ao vivo diretamente do fórum, em tempo real. Mais uma vítima mulher, que espera pela tal nossa justiça.

O que nos faz refletir, não é o trabalho dos jornalistas, nem a especulação dos patrocinadores, audiência vale dinheiro, e sabemos que na selva financeira, os meios servem para justificar os fins (!!??).

Estou quase me forçando a acreditar que  Elisa não morreu. Deve estar vivendo com um encantado príncipe, num belo país onde os jardins são floridos o ano inteiro. Está tranquila e feliz. Sabe que seu filho está sendo bem cuidado pela avó, crescerá sadio e se transformará num cidadão ético. Quem sabe não será um paladino que um dia trará a verdadeira justiça sobre o desaparecimento de sua mãe?

Edison Borba

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