quarta-feira, 20 de março de 2013

EMÍLIO SANTIAGO

          Emílio foi um dos cantores que me fez chorar diversas vezes. Entre tantas lindas interpretações, uma em especial sempre me levou às lágrimas, 40 ANOS.
          Altay Veloso e Paulo Cesar Feital são os engenheiros dessa obra prima e Santiago o responsável por dar vida aos versos.
          Uma das mais significativas obras musicais em que vários momentos da história do Brasil, aparecem de forma sutil.
           Para entender essa maravilha é preciso ter algum conhecimento do que aconteceu no Brasil império, república e no país da ditadura.
           A emoção ainda toma conta do meu coração, porque alguns dos fatos eu tive o privilégio de vivê-los. Hoje estou lembrando de alguns momentos em que minha vida aparece nesta pérola que Altay e Feital compuseram.
           Apaixonei-me por  Guevara, Janis Joplin e pelo Jimmy. Vi Glauber no cinema e cantei Madalena junto com a querida Elis. Vi o galo cantar no Maracanãzinho, num festival da canção. Torci por Disparada numa noite encantada totalmente iluminada por muitos astros e estrelas. Frequentei  “Opinião”, num momento em que não se podia ter opinião. Vi amigos levar tapa na cara, por soldados bem armados, às vezes amedrontados pelo fantasma  ditadura. Vi a esperança de um país sem dono, morrer com o Tancredo. Chorei ouvindo o Hino de um Brasil amargurado e, mais uma vez chorei quando vi o Senna correr, vencer e morrer. Mais um ídolo perdido, mais esperanças sem vida.
            Poderia continuar escrevendo e lembrando  tantas outros momentos, mas prefiro ler os versos desse poema e ouvir a voz do Emílio, me fazendo mais uma vez chorar.
Edison Borba
40 Anos  - Emílio Santiago

São 40 anos de aventura
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pra esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo

Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
E o país tava sem dono
E nós fora da lei

Quem se apaixonou por Che Guevara
Até levou tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
Vamos enterrar esse defunto
Melhor lembrar de Madalena
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno
Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava

"Ava Canoeiro", "Travessia"
Zumbi no "Opinião" sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na "Disparada"
Só para não perdê-la

Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro

Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola

Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh... minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
laia, laia, laia, laia...

 

Um comentário:

  1. DIGNIFICO SÃO ESSE SENHORES DAS FALAS , QUE BRINCAM COM ELAS COMO SE FOSSEM CANSÃO , MÁS NÃO ! SÃO UNS SIMPLES SONHADORES COMO QUE ESSE POVO SOFREDOR DESSE MUNDO PEQUENINO CHAMADO BRASIL ,QUE NÃO SONHASTE E NEM VIVESTE PARA CANTAROLAR ESSE HINO DA PÁTRIA QUE SÓ É GENTIL EM NOSSA AMADA TERRA DESSE POVO QUE É VARONIL . "J.L.P de fARIA

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