quarta-feira, 2 de novembro de 2011

FINADOS / ANTEPASSADOS

Nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, nossos tataravós os nossos antepassados. Todos nós somos provenientes de uma relação de seres, que passaram suas bases genéticas adiante, perpetuando as características da nossa espécie.
Levando-se em conta que os genes são constituídos de moléculas bioquímicas, que passam de geração em geração, até encontrar condições favoráveis para se manifestarem, podemos imaginar e até sonhar, que provavelmente em nosso organismo exista uma porção bioquímica que existiu no organismo de algum antepassado.
Portanto, de alguma forma ainda está viva alguma molécula bioquímica que conviveu no organismo do meu bisavô ou da minha tataravó.
Essa é uma reflexão interessante e fascinante quando “comemoramos” o dia de finados. Permite uma reflexão bioquímica, e talvez seja uma forma prática para mantermos vivos, aqueles que amávamos e, que faleceram.



O fenômeno da morte ainda é um tabu para a maioria das sociedades. O medo de morrer e de perder pessoas amadas nos deixam assustados.  Vivemos procurando formas de manter vivos amigos queridos e familiares.
Buscamos comunicações através de “paranormais” e “médiuns” que através de “poderes” que não sabemos explicar, fazem comunicações com o mundo dos mortos, trazendo recados e dessa forma confortando suas existências.
Mas tudo isso, está sempre envolto numa atmosfera de desconfiança. Há sempre uma dúvida quanto a veracidade da mensagem recebida.
Seja através do pensamento genético ou espiritual, nosso desejo de manter viva a presença de quem amamos é sempre muito forte.
Essa vontade pode e deve ser um incentivo para a doação de órgãos. Imaginemos o coração de um ente querido, continuar pulsando no peito de outra pessoa. Gerando vida e alegria para outra família. Doar órgãos é perpetuar a vida de alguém que amamos. É uma atitude de amor em mão dupla: para quem deixou de viver e para quem poderá continuar a viver.
Por mais evoluída que a nossa sociedade se torna a cada dia, ainda não conseguiu resolver a dor da perda para a morte. Como substituir filhos, pais, amigos e amores. Mesmo quando se mergulha no mundo da fantasia e os clones aparecem como substitutos, sabemos que eles não poderão substituir a matriz.
Fotos, filmes, cadernos de recordações são também usados para mantermos vivos os nossos finados. Uma roupa que imaginamos guardar o perfume. Um som, uma melodia, um sabor são constantemente elementos, que os materializam por segundos.
Filosoficamente pensando, enquanto existir quem se lembra de alguém, esse alguém se manterá vivo. É a imortalidade histórica.
Seja como for, a saudade é a forma mais forte de guardarmos nossos entes queridos em nossos corações. Esse sentimento que nos amargura e nos faz sofrer é também a forma de amor  responsável por fazer renascer e manter vivo quem jamais morrerá em nosso pensamento.
O grande Vinicius de Morais, nos deixou alguns versos que traduzem muito bem esse grande mistério da vida – a morte.

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é  por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá

A benção querido poeta!

Edison Borba

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