quarta-feira, 9 de novembro de 2011

SITUAÇÕES DRAMÁTICAS

Em todas as sociedades existem “ditados populares” que ajudam a superar momentos difíceis. “Deus dá o frio conforme o cobertor” ou “Cada um carrega a sua própria cruz”, são exemplos desses pensamentos que tentam minimizar nossas dores.
Mas dor é algo extremamente pessoal. Qual é a maior dor?
A nossa é sempre a mais complexa e a mais forte. Não há como mensurar essa situação.
As dores físicas, provocadas por feridas e machucados que marcam nosso corpo e que são tratadas por medicamentos. São dores concretas. Muitas vezes localizadas. Algumas são resolvidas através de cirurgias. Nesses casos contamos com a colaboração dos médicos e da ciência que a cada ano se torna mais competente e eficaz.
As dores de amor, as dores das perdas, as dores das rejeições. Como tratá-las? Psiquiatras e psicólogos em longas sessões tentam refazer a vida de quem sofre desse tipo de drama. O que faço com todo esse amor que eu tenho para dar? O que fazer com nossos sonhos se neles não está à pessoa amada? Ser preterido ou sofrer a viuvez – qual a pior dor? Perder para a morte ou perder para outra pessoa que nos arrebatou um grande amor?
Voltar para casa sozinho, após enterrar concretamente uma paixão, ou viver pensando que o amor  está em outros braços? Como medir o grau de sofrimento entre as duas situações?
Músicos e poetas são mestres em ajudar a entender esse tipo de sofrimento. Garçons e mesas de bar também são grandes companheiros e muitas mágoas são afogadas em taças de vinho e doses de Martini.
As dores da alma, talvez sejam mais complexas do que as do corpo. O difícil é separar uma da outra. Um coração que sangra pela paixão destruída dói tanto quanto se uma flecha o tivesse atravessado. Dor de amor é sentida na carne, no corpo - em cada poro da pele, em cada ar que respiramos.
Mas, “ sempre há um dia após o outro” e o tempo é o melhor conselheiro”, são outros ditos populares que ajudam na cicatrização das feridas.

Dores de mães – dores de pais: o quanto deve doer à perda de um filho? Como medir a dor de um quarto vazio? Como mensurar o sofrimento de não ter mais em seu colo alguém que  nasceu de você. Mutilação, talvez essa seja a definição mais aproximada. Pedaço de mim, metade arrancada de mim (Chico Buarque), traduz a dor dessa terrível perda. Michelângelo, através da Pietá reproduz o drama de enterrar um filho.
Porém, apesar de tudo, dor é algo extremamente pessoal. A dor é minha em mim doeu, assim cantou o poeta deixando claro que apenas cada um de nós, sabe onde “o sapato aperta”.
Situações dramáticas – quem poderá defini-las?
Edison Borba

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