domingo, 16 de junho de 2013

COISAS DA INFÂNCIA


        Quando criança, na minha infância, muitas vezes,  ouvi a minha mãe cantarolar esses versinhos:

                           “Menina dê-me uma  lima
                                      Da limeira do seu pai
                                          Se a limeira não é lima
                                          Assim mesmo  ainda vai”

                                        “Para doutor eu não dou
                                         Pois não tenho vocação
                                         Pra pegar nas ferramentas
                                         Pra fazer operação”

           Nunca soube a origem dessas rimas, provavelmente devem ser de alguma canção de raiz, do povo que vive “lá pras bandas” do norte do estado do Rio de Janeiro, ou então Espírito Santo, terras onde ela nasceu e viveu até a adolescência.

            O tempo passou e “vez em quando” eu “me alembro” deles e me pego a cantarolar  esses versinhos. É uma melodia simples meio toada que provavelmente deveria ser acompanhada pelas cordas de viola.

            Tenho quase  certeza de que foram com eles  que ela me embalou, no berço, nos primeiros dias de minha vida.

            Percebo que no meu inconsciente a voz daquela mulher, ainda existe, através das zangas, quando eu fazia alguma traquinagem, ou então carinhosamente, quando me acalentava em seus braços.

            Ouço a sua benção, quando corria para o colégio, de mãos dadas com meus irmãos e, quando rapaz, as suas orientações, para que eu me tornasse um homem digno e ético. Suas orientações, sua sabedoria foram de máxima importância na organização da família.

            Quando adulto, e dono das minhas ações, lembro-me de sua voz cansada, sempre preocupada com a minha saúde. Até os seus últimos dias, junto à família, ela sempre manteve a voz doce e preocupada com o bem-estar de todos.

            Mas, o que considero magnífico, é que esses versinhos e a melodia que os acompanhava, estava sempre presente através de tudo o que ela ensinou aos seus filhos: boas maneiras, bondade para com o próximo, nunca ter preconceitos, orações, informações simples para o dia-a-dia e tantos outros aconselhamentos que ainda estão enraizados em minha mente e acredito na dos meus irmãos.

                                    “Menina dê-me uma  lima
                                      Da limeira do seu pai”

               Quantas limeiras e limas, essa “menina” minha mãe trouxe para casa, para seus filhos, marido e a quantidade de amigos e parentes que sempre estiveram presentes em torno da grande mesa de madeira “ladeada” de dois bancos feitos com tábuas de caixotes.

                                    “Se a limeira não é lima
                                  Assim mesmo ainda vai”

   Quando nossos planos não se realizarem como o que foi planejado, a vida deve continuar e se “a limeira não é lima”, eu uso o que tenho transformando em alguma coisa útil, usando a minha inteligência e criatividade.

“Benção mãe!”

     Edison Borba

 

 

 

 

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