sexta-feira, 21 de junho de 2013

VINTE CENTAVOS? E AGORA, JOSÉ?

           Um milhão de cidadãos nas ruas do Brasil, por apenas vinte centavos? Por que uma quantia tão pequena movimentou tanta gente? Duas moedas de dez centavos, ou quatro de cinco ou vinte de um centavo  que somadas chegam ao total de vinte. Importância tão insignificante que algumas pessoas, não a recebem como troco.
Moedas de metal, que descartamos nas mãos de mendigos ou colocamos nos cofrinhos. No final do ano, são depositadas nas caixinhas dos balcões das diversas lojas. Muitas vezes, as deixamos também sobre as mesas de bar, como pequenas gorjetas para os garçons.
            Apenas vinte centavos mobilizou um país. Crianças, jovens, homens e mulheres, estudantes e trabalhadores ocuparam ruas, avenidas e praças, por quantia tão pequena.
            Brasileiros de mãos calejadas e corpos cansados conseguiram coragem para gritar por seus direitos. São centavos roubados da saúde, da educação, dos transportes, das moradias, dos salários, da dignidade, da paciência, da espera, da resignação, da honestidade e de tantas outras condições inerentes à sobrevivência humana.
            Foi assim em outros momentos, o brasileiro, conhecido como povo pacífico, pacato, indiferente e que se contenta com samba e futebol, quando há necessidade, ele sai em busca de seus direitos.
Atenção senhores políticos, as mordomias, os roubos, as falcatruas, as coligações e tantas outras “safadezas” cometidas pelos senhores, está ameaçada. As dezenas de partidos e suas siglas incontáveis estão com os dias contados. O povo foi às ruas sem partidos, isto é, foi unido e não “REPARTIDO”. Não houve carros de som e nem líderes para apregoar mentiras. O povo foi de povo!
            Acredito que nesse momento, muitas contas no exterior, devem estar sendo movimentadas. O envio de dólares e euros possivelmente está saindo às pressas, escorregando para contas particulares. Talvez algum medo esteja atormentando os nossos políticos. Talvez! É possível que alguns estejam com receio do povo e comecem a repensar suas vidas. Provavelmente até rezem e procurem seus orientadores espirituais para salvarem suas almas.
            Estamos numa encruzilhada: o povo foi às ruas por vinte centavos. Mobilizou-se e outras questões surgiram. E agora? Para onde caminhará essa multidão? O que fazer com os sonhos de mudança? Os centavos foram devolvidos ao povo, mas a dignidade de habitar um país justo e ético ainda não foi devolvida.
            E agora? Quem vai manter a ocupação das avenidas? Quem terá a coragem de continuar a gritar contra toda a sujeira que envergonha nosso país? Não se pode recuar depois de tanto sonhar com mudanças!
            Quando acordarmos da ressaca de brasilidade, corremos o risco de sermos novamente envolvidos por discursos baratos, promessas que nunca serão cumpridas, jogos do campeonato, desfile das escolas de samba, reality shows, mulheres frutas e tantos outros engodos que de tanto serem degustados, já fazem parte do nosso cardápio.

            O que vamos fazer? Voltar para casa e silenciarmos por mais dez anos?

            Com a palavra Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
 
NÃO À VIOLÊNCIA! NÃO AOS BADERNEIROS! ESSES NÃO FAZEM PARTE DA MAIORIA TRABALHADORA QUE TEM DIREITO A CLAMAR POR SEUS DIREITOS! SOMENTE UMA SOCIEDADE ORGANIZADA É CAPAZ DE RECONDUZIR NOSSO PAÍS AOS CAMINHOS DA ÉTICA!
Edison Borba

 

           

 

 

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