quinta-feira, 20 de junho de 2013

DIAS DE PROFESSOR

         Quinze de outubro ficou oficializado como sendo o dia do Mestre ou do Professor. Atualmente esses dois termos estão sendo substituídos por: Profissionais da Educação ou então “Tia”.
Sinceramente não sei se me agradam esses dois últimos rótulos. Reconheço que Profissional da Educação é um termo abrangente e mais democrático. Nele estão incluídos, todos os que labutam com a educação: professores, funcionários, merendeiras, gestores, supervisores, coordenadores entre outros.
Quanto à “Tia”, é difícil aceitar esse falso grau de parentesco. Professor ou professora são profissionais que recebem remuneração para trabalhar. O exercício do magistério não envolve familiaridade. Não desmerecendo o carinho dos alunos, quando usam esse termo, ele torna o profissional menos profissional.
Portanto, sou professor. Minha função é trabalhar com um conteúdo específico e com um processo educativo abrangente. Minha formação é para atuar pessoa a pessoa, através do processo de ensino e de aprendizagem.
Tenho um juramento a cumprir e, lembro-me dele todos os dias. Pertenço ao grupo de profissionais da educação, porém eu tenho uma tarefa claramente determinada dentro dele. Tenho sobrinhos, filhos de meus irmãos, logo sou tio e como tal não recebo nenhuma remuneração financeira, apenas o carinho dos meus familiares.
Sou Professor! Tenho a honra de ostentar esse título. Sou um profissional indispensável para a melhoria da qualidade de vida de meu país. Uso a inteligência e a fala para estabelecer contato com meus alunos. Diariamente, busco alternativas diferentes para que as minhas explicações possam ser compreendidas por todos os que me ouvem.
Estou acima dos computadores e de todos os outros instrumentos, que obviamente, uso para facilitar a transmissão de conteúdos. Mas, o que acontece em minhas classes, é algo que as máquinas não conseguem dar e nem fazer: diálogo, afeto, carinho, atenção, paciência e capacidade de me diversificar e ser muitos sendo apenas um.
Meus dias são longos. Minhas tarefas se estendem para além das salas de aula e dos colégios onde leciono. Preocupo-me se meus alunos não conseguem bons resultados. Alegro-me e vibro com o sucesso de cada um deles.
Tenho que ter muita sensibilidade para não tirar deles a capacidade de sonhar. Preciso estar alerta para acompanhá-los e guiá-los pelos intrincados caminhos da aprendizagem. Tenho medo de perdê-los para as drogas e outros perigos que rondam as nossas classes.
Dias de professor são sempre ricos em emoção. Nossos relacionamentos são instáveis. Mas nossa amizade é verdadeira. Nas salas de aula, acontece o encontro de gerações. Ensinamos e aprendemos todos os dias. Nas nossas divergências aprimoramos conhecimentos e consolidamos o respeito e a amizade.
Os dias de professor são repletos de dúvidas. Será que todos entenderam? O que fazer com os que estão em dificuldades? Como voltar a abordar esse assunto?
Nosso trabalho só é percebido com o passar dos anos. Trabalhamos com crianças e jovens e temos que esperar muito para vê-los adultos. A cada ano eles voam para longe e os perdemos de vista. E novas dúvidas repletas de saudade, nos fazem lembrar alguns e esquecer outros. Como estarão? Será que meus ensinamentos os ajudaram?
Profissão misteriosa. Cada dia é um novo dia. Cada turma é uma nova turma e cada aluno, um enigma a ser decifrado.
Dias de professor são dias de plantar e esperar para colher.
Dias de professor são dias de luta e principalmente de esperança de que essa Terra chamada Brasil, consiga despertar para a importância da educação para a melhoria da qualidade de vida de seu povo.
Edison Borba
 

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