quarta-feira, 5 de junho de 2013

SAÚDE! É O QUE INTERESSA?

           Escrever, falar, denunciar e protestar sobre o funcionamento dos hospitais públicos brasileiros é “chover no molhado”. Faz décadas que estamos “dando murros em ponta de facas” e apesar das nossas mãos já estar  furadas, a situação permanece inalterável. Excesso de pacientes em hospitais sem as mínimas condições de funcionamento. Faltam médicos e os que ainda continuam atuando “tiram leite de pedra”.
Doentes deitados no chão e em macas enfileiradas  pelos corredores completam o panorama. De note ao sul, de leste a oeste, a situação se repete. Acredito que de tão crônica, a situação já se tornou, habitual e  incurável. As imagens mostradas pelos telejornais, não causam tanto impacto. É possível até, que nós os telespectadores nos sintamos invadidos por tragédias que só atrapalham os capítulos das novelas, a resenha dos jogos, as entrevistas com famosos entre outros momentos de grande importância da nossa televisão.
Saber que as consultas são marcadas em junho para o atendimento acontecer em dezembro, que centenas de pessoas passam muitas horas nas filas para conseguir (quando conseguem) atendimentos na emergência, mostrar insetos e lixo nos corredores, até nos incomoda quando são mostradas nos horários das refeições.
Às poucas boas notícias, surgem como pequenos grãos de areia num deserto. Uma nova ala num hospital infantil é inaugurada como se fosse uma grande doação que o governo faz ao povo. Uma sala de cirurgia, que ganha novos equipamentos é alardeada como se um novo hospital, de primeiro mundo, estivesse sendo inaugurado.
Quem pode paga caro pelos planos de saúde, que já andam congestionados pelo excesso de novos sócios.
Quando reclamamos que tudo isso acontece no país do futebol, onde imensos e dispendiosos estádios estão capitalizando bilhões de reais, corremos o risco de sermos chamados de incapazes de perceber o progresso. Somos vistos como urubus ou ervas daninhas  querendo destruir o governo. Que só queremos criticar e nada estamos acrescentando. Um país de tanto sol e futebol, não pode ser criticado apenas porque alguns cidadãos resolvem adoecer, prejudicando o desenvolvimento da pátria. Se todos cuidassem das suas saúdes, não haveria problemas hospitalares.
Esses homens e mulheres que ficam doentes, o fazem propositalmente para prejudicar o progresso dessa grande nação. É possível até que haja um plano para desmoralizar o governo. Pessoas adoecendo apenas para criar tumulto.
Temos um belo futuro, gente feliz e alegre, lotando os estádios de futebol com bandeiras e camisetas coloridas, cantando hinos e dançando alegremente, mostrando que esse país vive em completa felicidade.
Essa história de desigualdade social não passa de uma grande farsa, montada por invejosos que planejam o retrocesso político.
Fora os doentes!
Prisão para todos os que fizerem filas nos hospitais!
Quem quiser leito que vá para casa dormir!
A hora é de felicidade e preparar o país para todos os grandes espetáculos que irão nos alegrar fazendo-nos esquecer da fome e das dores.
Nosso país não é bronze nem é prata – o Brasil é ouro!
Edison Borba

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