segunda-feira, 24 de junho de 2013

UMA GRANDE BRASILEIRA.

          Mulher franzina, magrinha, alegre e sorridente. No horário da manhã ela é faxineira  e a partir das 14 horas é vendedora de balas e doces, na esquina das ruas General Dionísio com Voluntários da Pátria, no bairro do Humaitá, cidade do Rio de Janeiro.
Dona Neide, atende aos seus clientes sempre rapidamente e com palavras de felicidade. Em pé ou sentada na calçada, essa brasileira é uma mulher “antenada”. Sempre disposta a uma conversa animada, mas também séria, quando o assunto é a nossa cidade ou país.
Eu a conheço faz anos, muitos anos. Sempre que retorno do trabalho, trocamos algumas palavras. Da janela do meu apartamento, vejo-a na luta. Correndo para atender os motoristas que buzinam pedindo algum doce, ou alegrando crianças e jovens que passam por ela. Senhoras, homens de negócios, gente que vai e volta das compras ou do trabalho recebe de Dona Neide um sorriso amistoso.
Já perdi a conta dos doces e balas que saboreei e dos quilinhos que ganhei, por ser um homem guloso. Mas, o que melhor consegui, foi uma lição de vida.
Dona Neide é uma excelente representante de cidadã atuante. Além das diversas tarefas do seu dia, ela não satisfeita com a situação dos canteiros, situados exatamente na esquina onde ela tem a sua banca de trabalho, ela, sozinha e arcando com todos os ônus, adotou as jardineiras, que estavam abandonadas.
Retirou o lixo, o capim e a sujeira que incomodava a todos, mas que ninguém teve a coragem de agir (eu estou incluído neste grupo). Como sempre, culpávamos os órgãos competentes enquanto as plantas morriam o lixo aumentava.
Foi necessário que uma franzina senhora, colocasse as mãos na massa.
Há dias, trabalhando como uma formiguinha, Dona Neide deu conta do recado. Mesmo, quando ouviu piadas e críticas, ela continuou.
Os canteiros estão limpos e agora ela está na fase de plantar novas mudas de flores. Nesse período em que ela trabalhava nos canteiros e corria para vender seus doces, tive a oportunidade de conversar com ela. Questionei a sua ação de lutar sozinha. Ela foi clara em sua argumentação:
“Vendo meus doces e balas aqui e não gosto de sujeira. E, se  ninguém faz, eu mesma faço”.
Confesso que fiquei envergonhado!
Dona Neide faz parte daquele grupo de amigos que não frequentam as nossas casas, mas que sabemos, gostam da gente.
Conversamos, filosofamos, trocamos informações sobre o tempo e  rimos juntos sobre algum assunto. Ela sempre preocupada em perguntar por meus amigos e minha saúde. Eu em retribuição devolvo  sorrisos e carinhos.
Mas, hoje, estou destacando Dona Neide, como um grande exemplo de cidadania. No momento que ocupamos as ruas para lutar por melhores dias, essa brasileira está agindo sozinha para tornar nossas ruas mais limpas e bonitas.
Cada flor que brotar nas jardineiras que ela cuidou, representará a força de cada cidadão brasileiro, que anonimamente trabalha e ajuda essa Nação e crescer de forma ética, para ser respeitada por todo o mundo.
Obrigado Dona Neide. Obrigado a todas as mulheres guerreiras do Brasil!
Edison Borba

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