quarta-feira, 20 de julho de 2011

ADOÇÃO - UM ATO DE AMOR

Aqui  no  Brasil, talvez mais do que  em outros países, existe uma dificuldade para assumir publicamente a questão da adoção. Muitos casais tomam essa atitude para resolver e satisfazer seus sonhos e desejos pessoais. É necessário compreender que é a criança que precisa de pais. A decisão de adotar é um passo em direção ao amor e ao afeto. Vivemos numa sociedade em que existe uma extrema valorização da família biológica em detrimento da família social. Essa situação tem sido responsável não só pela dificuldade em se fazer uma adoção consciente e pública, como também está afetando as famílias biologicamente formadas. Os pais precisam ser heróis modernos provendo seus lares de artifícios materiais, deixando em segundo plano o carinho, a conversa, a compreensão e a verdade. Em se tratando de adoção, os familiares além de tudo isso, na luta para manterem o segredo, acabam cometendo erros que se refletem em toda a estrutura familiar. O medo do preconceito, dos olhares enviesados e dos comentários maliciosos  acabam prejudicando a naturalidade do relacionamento familiar, abrindo espaço para as mentiras fantasiosas. Criar histórias sobre a gestação, inventar respostas duvidosas, são caminhos perigosos. O receio de ouvir: - “vocês não mandam na minha vida”, faz com que os pais adotivos mergulhem profundamente num poço sem fundo. O universo da adoção pode ser mágico, se for vivido em sua realidade. Fantasias são feitas para durarem apenas nos carnavais  e nas festas. A vida é longa. As relações familiares não são passageiras. Lares construídos nesse clima; terá um desfecho de quarta-feira de cinzas. Lares adotivos, muitas vezes, propiciam melhores condições de relacionamento, do que os biologicamente formados. Filhos, adotivos ou biológicos, não podem ser  propriedade. O desenvolvimento humano se faz para o mundo. Toda criança possui, capacidade de aprender,  necessita apenas ser estimulada, orientada e cuidada. Numa relação  parental biológica, as diferenças que nos tornam únicos, podem ter ramificações que lembrem tios, avós, primos além dos próprios pais. Mas em se tratando de adoção, essas peculiaridades tornam-se infinitamente reduzidas. Portanto, adotar tem que ser um ato de amor. É preciso ter consciência das diferenças que irão se acentuar com o passar dos anos. Elas não podem ser entendidas como sinais de “perigo” no caminho da descoberta do segredo. Se a relação familiar for construída em bases verdadeiras essas ansiedades não afetarão o equilíbrio emocional do grupo. Adotar é uma atitude que deve ser comemorada. Os pais adotivos devem comunicar sua atitude a todos os parentes e amigos. Enfeitar a casa com flores. Enviar cartões manifestando a felicidade de acolher uma criança. Deixar evidente, que não se adota por pena ou compaixão, a adoção é construída por afeto – é um ato de amor.

Edison Borba – Professor / Coordenador Pedagógico do PINCE

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