terça-feira, 26 de julho de 2011

QUASE DA FAMÍLIA

Ela é quase da família, expressão  muito usada para designar a empregada doméstica. São as Marias, Toinhas e Zezés entre tantas  que sobrevivem espremidas em pequenos quartinhos, no fundo dos apartamentos ou das casas luxuosas. Prestadoras de serviço, identificadas por seus uniformes e convocadas a servir às famílias, obedecendo ao estridente som dos sininhos. Empregadas domésticas, domesticadas, amansadas e domadas pelas regras de algumas patroas inescrupulosas. Silenciosas, deslizam pelas casas, sem se fazer notar. Lavar, passar, cozinhar, limpar sujeiras do chão e das almas. Testemunhas de dramas familiares circulam pelas tragédias e alegrias, sem poder se manifestar,  são quase da família.  Por suas vidas, quase não há interesse. Seus filhos valem menos que os dos patrões. Acalanta o bebê de quem lhe oferece emprego, enquanto o seu  chora por colo e  carinho. Guerreiras, lutadoras, batalhadoras viajantes dos trens, deixam sob os trilhos, a milhagem dos quilômetros percorridos para chegar ao  local de trabalho. Espanadores, vassouras, panos, produtos de limpeza e muita disposição, são  indispensáveis para essas mulheres que longe das academias, malham seus corpos muitas  horas por dia. Femininas, sedutoras, perfumadas pelos sabões em pó inebriam patrões machistas, que esquecendo as esposas,  buscam satisfação nas carícias da doméstica. Mundo complexo, confuso e complicado.  Vivem entre a cruz e a caldeirinha, ou melhor: vivem na corda bamba. Lutando para não perder o emprego, se defendem das investidas sofridas pelos  garanhões. Mas, tudo isso, está  mudando. Empregada doméstica, servidora do lar, trabalhadoras com ou sem carteira assinada, são profissionais que merecem o nosso carinho, respeito e consideração. Seus serviços são indispensáveis. Não existem máquinas capazes de substituí-las. Mãos encantadas nos presenteiam com sabores de suas delícias culinárias. Nossas casas perfumadas, roupas passadas e o silêncio de segredos são qualidades sem preço. Muitas vezes confidentes. Elas são quase da família, ou melhor, elas são da família. Ouvintes atentas, bondosas conselheiras são capazes de salvar vidas, amores e relacionamentos. Obrigado por  ser parte da minha vida. Obrigado por ser a minha família.

-  22 de julho, dia  da EMPREGADA DOMÉSTICA!


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