sábado, 30 de julho de 2011

A SEGUNDA GESTAÇÃO

O nascimento é um grande momento na vida das famílias. Filho ou filha são esperados com ansiedade e emoção. Berço, carrinho, fraldas, sapatinhos, roupas e a escolha do nome. Existem os que combinam letras, outros que consultam numerólogos e quando a decisão é tomada a família  se reúne e comemora. Enquanto o ambiente familiar se agita com a chegada do novo membro, a criaturinha cresce silenciosamente, no líquido amniótico. Com a placenta para protegê-lo, seu desenvolvimento é garantido a uma temperatura agradável. Alimentos chegam  previamente preparados. Naquele mundo admirável  amadurece, até o dia em que terá que enfrentar a realidade, isto é, cair na real. Um período de nove meses, é suficiente para  transformar uma pequena célula num bebê. Nesse tempo, a família se organiza, planeja, faz poupança e sonha alimentando-se com a espera, daquele  encherá a vida de todos de esperança e alegria. Existem exceções, mas a maioria dos nossos “babys” são recebidos,  envolvidos em lindos lençóis e muita felicidade. O tempo  se encarregará  de  transformar em cidadão aquela criança indefesa.Brincar, estudar, aprender, crescer e amadurecer se transformando a cada dia. A  família que se preparou para o  primeiro nascimento, não percebe que em poucos anos haverá um segundo nascimento. Os anos passam  a menina  se transforma em mulher  o menino num homem, prontos para viver suas  vidas, fazer suas escolhas e caminhar com seus próprios pés. Um bebê ao nascer vai para o colo dos pais. É extremamente dependente, precisa de proteção, carinho e condições adequadas para a sua sobrevivência. Na segunda situação, seu nascimento será para o mundo. Sua casa já não é mais  refúgio,  é preciso sair  e buscar novos espaços. Acertar ou errar assumindo o seu papel de indivíduo e a meta a ser cumprida. Precisa descobrir quem é. Essa transição cria inúmeros problemas. Da mesma forma que escolheram os nomes, compraram sapatinhos e organizaram a casa para a chegada do filho, é necessário, organizar o lar, para uma convivência entre adultos. Homens e mulheres ocuparão o mesmo espaço. Desejos, anseios, necessidades embrulhadas em pacotes hormonais transformam os lares em campos minados. Até que todos consigam se reconhecer, as paixões explodem. No despertar da adolescência está a necessidade de entendimentos entre pais e filhos. Criam-se incertezas de ambas as partes. Surgem necessidades de reformular e recriar verdades. Conceitos são abalados. A transição da criança em adulto é um novo nascimento, um renascimento. A qualidade dos vínculos afetivos, construídos até aquela data; sofrerá uma releitura. É na solução dos conflitos, que acontece esse parto, do qual nascerá um ser humano, que seguirá pelo mundo voando como um pássaro deixando o ninho vazio.
Edison Borba - Professor / Coordenador Pedagógico do PINCE

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