terça-feira, 26 de julho de 2011

O XIS DA QUESTÃO

Xavier, apesar de ser um indivíduo xendengue, vivia xeretando a vida dos seus vizinhos. Na chácara onde morava, só cultivava xiquexique,  mudas que ele trouxera do nordeste, algumas xiridáceas, pelas flores espigadas e xixás, cuja madeira ele comercializava entre os madeireiros da região. Na varanda de sua casa, sua esposa Xênia, mantinha lindas samambaias em vasos de xaxim. A vida do casal era tranqüila, limitando-se a jogos de xadrez, nas tardes de sábados e a dançar a xarda ou a xiba, dependendo se recebiam, nas noites de domingo,  amigos húngaros ou portugueses. Na ocasião preparavam xerelete com arroz e brócolis e bebiam xícaras de uma xaropada, cuja receita D. Xênia havia recebido de alguns índios xavantes, que habitavam a cidade de  Xanxerê. A companheira de Xavier era antropóloga, e durante muito tempo viveu entre os indígenas, estudando seus hábitos e costumes. Conhecia bem a história dos xacotéus, xacriabás, xoclengues, xacamecras, xopotós, xambivás, xontaquiros, xucurús, xavajés e  xirianás entre outras nações. Sua brasilidade muitas vezes era exagerada, havendo até um pouco de xenofobia em suas ações. Porém, ela sabia disfarçar sua aversão, nunca dando margem a pagar xabu na presença de convidados. Mesmo com todo esse amor pelo Brasil, era adepta do xamanismo, cujo ritual aprendeu quando viajou pela Ásia. O casal Xavier e Xênia era uma dupla de xixilados, ela esnobando com as suas antropologices e ele um xucro, um xereta, um xacoco. O cotidiano do casal sofreu mudanças, desde o dia em que eles hospedaram um xabregano recém chegado de Lisboa. O franciscano chegou à chácara, um tanto xambregado, o que causou certo espanto em Xavier. Montado num cavalo coberto por um xairel, o religioso trouxe de presente para D. Xênia, um lindo xale tecido em xadrezinho de várias cores. Diante de tanta gentileza, prepararam um copo de xarope quente, bem xaporoso, para curar a xumberga do visitante e a seguir serviram um delicioso xiró. Após acomodarem  o andarilho em um dos quartos da casa, o casal sentou em torno da mesa para um joguinho de ximbica, mantendo o seu xerimbabo perto deles, para avisá-los sobre qualquer situação estranha que pudesse acontecer. Enquanto jogavam, conversavam sobre o estranho visitante, que chegara até eles montado num ximbo: - qual seria a verdadeira identidade daquele homem ximbeva, ximbute e xibimba? Seria  portador de alguma xiloidina? Adepto da xilolatria ou era um xiita? Havia a possibilidade  de estarem hospedando um xingaraviz. Diante de tantas dúvidas resolveram investigar. Na mochila do estranho, encontraram alguns xenxéns e xelins. Uma xipoca e uma xerografia, na qual estava atestado um caso de xerofagia complicado por xeroftalmia e xerasia. Penalizados com a situação, mas ainda com receio de estarem hospedando alguém perigoso, Xênia recorreu a xilomancia,  prática que ela aprendeu nas suas andanças pelo Brasil e apelou para Xangô, entidade de sua total confiança. Jogou pauzinhos, fez orações e recebeu a informação que eles estavam recebendo um Xamã. Felizes com a revelação, Xavier e Xênia, adotaram o estrangeiro, que juntamente com a  xuri e o ximango, se tornou o xodó da casa. É tratado como um verdadeiro Xá, soberano da Pérsia, e mais paparicado que um Xeque árabe. A felicidade do casal aumentou, quando ficou provado que o estranho era xará do Xavier. Essa descoberta foi o xis da questão!

Edison Borba – Professor / Coordenador Pedagógico do PINCE

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