quarta-feira, 27 de julho de 2011

MEU LÁPIS - MEU AMIGO

Escrevo no silêncio do meu pequeno apartamento. Num cantinho pouco iluminado, cercado de livros, canetas e lápis. Em frente à tela do computador, vejo surgir  histórias, que meus dedos constroem com as letras do teclado. Digito rapidamente, fui operador de telex e sou diplomado em datilografia.  Aprendi a escrever com lápis, passei pela caneta tinteiro, cheguei até a esferográfica. Das teclas da máquina Olivetti até as redes internéticas,  um longo caminho percorrido. ASDFG, espaço, ASDFG, espaço:   foi  primeira experiência com a datilografia. Cadernos de caligrafia  companheiros  longos anos. Era necessário ter letra bonita e legível. Para fazer as lições escolares, caderno deitado. Papel almaço pautado em dias  de prova. Caderno  de desenho para ensaios de arte. Lápis preto, borracha e apontador, tudo bem arrumado dentro do estojo. Os coloridos eram lindos: azul, verde, amarelo, vermelho, verde e marrom sempre meus favoritos. Um arco-iris. Risca e rabisca. Escreve e apaga. Pinta e desenha. Régua, transferidor e compasso. Retas, curvas e círculos. Esquadros, quadrados e losangos. Figuras geométricas. Paralelas, vão se encontrar no infinito. Girando o compasso em 180 graus faço a metade de um círculo. O globo terrestre é redondo. Os Faraós dormem nas pirâmides. Conceitos aprendidos na escola aplicados na vida, guardados na mente. Apontar o lápis. Rodar o apontador e ver o pó da madeira  e o grafite cair fininho e cristalino. Experimentar a ponta na bochecha sentindo o prazer do furinho. Calo no dedo de tanto escrever. Fazer cópias de livros. Desenhar colorir. Um dia usei tinta guache. Depois foi o nanquim. Traços finos, mão firme. Não podia tremer nem borrar. Caderno de música para  as claves: de sol, de fá e de ré. Fazer tudo arrumadinho para depois solfejar. Mapas coloridos destacando as regiões. Em baixo fica o sul. Em amarelo o nordeste. E cima, bem verdinho  a região norte. Os rios são azuis. As montanhas mais escuras. Oceanos não são mares, mas, suas águas são salgadas. Pinta e colore com muito cuidado. Não deixe a folha sujar. Mão com gordura deixa marca. Fica pra sempre manchada a folha com lindo desenho. É com letra de mão? Posso escrever de imprensa? E quando a palavra for grande, posso separar as sílabas?  De um lado vermelho e do outro azul, assim era o lápis bicolor. Lindo! Mais moderno e mais chique eram as multicores, canetas ponta azul, vermelho e verde. Um luxo a ser exibido. Usando o computador, nem preciso mais pensar. Tem marcador que organiza, separa letras e avisa, quando for pra consertar. Meu dicionário é o  Google é nele que vou pesquisar. Digita e sensibiliza. Copiar e colar. Põem em negrito e sublinha. Escolhe o tipo de letra e faz a margem perfeita. Escrevendo no silêncio sonho com meus estojos, tintas,  canetas e lápis. No teclado uso as letras que formam textos e histórias. Saudades do meu compasso, do meu lápis bicolor, dos desenhos e rabiscos, das paralelas compridas que no infinito da vida  um dia irão se encontrar.

Edison Borba – Professor / Coordenador Pedagógico do PINCE

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