quinta-feira, 5 de abril de 2012

HISTÓRIA DE UM PAI

Era uma vez um homem que sonhava em ser pai. A natureza atendendo ao seu pedido enviou-lhe três meninos. Cada um exibindo uma característica diferente. Três irmãos que cresceram unidos e como todos os garotos do mundo, brincaram de jogar bola, empinar pipa além de tantas outras atividades que fazem parte do mundo de fantasias infantis.
Cresceram  igual aos “três mosqueteiros”, unidos, e buscaram na profissão uma forma de se tornarem homens capazes de ajudar a sociedade ser mais justa.
O homem que havia sonhado em ser pai, não cabia em si de contente. Orgulhoso, era sempre visto se “gabando” de seus três queridos filhos. Havia sempre uma história, um caso, um fato para ser narrado em minúcias, sobre os seus meninos. E assim, a vida seguia seu ciclo.
O destino, ou a fatalidade, ou até mesmo o acaso, colocou um homem mau no caminho  dos três irmãos. E, um dos  “mosqueteiros” sai de cena. Morre vítima de um assalto, entre tantos assaltos que acontecem no cotidiano de nossa cidade. Na delegacia de polícia, o fato foi registrado como latrocínio.
O homem que sonhava em ser pai chora com a perda de um dos seus garotos. Mas, o tempo acalmou seu coração, pois ainda lhe restavam dois filhos, para se orgulhar. Aos poucos, a dor da perda se aquietou na  alma daquele homem. Seus garotos eram do bem e para sua maior alegria se tornaram policiais militares.
O coração do homem que um dia sonhou ser pai batia forte todas as vezes que seus filhos saiam para trabalhar. Vestindo farda engomada e o orgulho de estar ajudando a melhorar a vida da cidade os “dois mosqueteiros” faziam a alegria da família.
Porém, mais uma vez, o acaso atravessou a vida do homem que queria ser pai. Durante um confronto entre bandidos e policiais, o mosqueteiro, tomba em combate. E assim o homem que queria ser pai, perde seu segundo filho.
Fatalidade? Acaso? Destino? Provação? Castigo? Essas e tantas outras interrogações invadiram a cabeça do homem cuja vida se resumia em cuidar dos filhos e da família. Um cidadão simples que um dia havia sonhado com a paternidade.
Mas, ainda lhe restava um dos seus três garotos. Policial militar, corajoso e orgulhoso de sua profissão, ficou com a responsabilidade de suprir a ausência dos irmãos.
O tempo passava, e a cada dia, o homem ficava mais orgulhoso de seu único filho. Acompanhava com carinho todas as atividades do menino – homem. A cada noite, ao chegar do trabalho no quartel, as histórias eram contadas em detalhes para toda a família.
Até que durante um patrulhamento de rotina, o fuzil do único mosqueteiro, falhou e um bandido, portando uma pistola 9mm, acertou o coração do bravo soldado. Tombou em ação o terceiro filho do homem que um dia sonhou em ser pai.
Três filhos, três mosqueteiros, três vidas, três sonhos e um pai.
Dizem que foi coisa do destino. O homem que queria ser pai teve o seu desejo satisfeito. Ele continua vivendo e acalentando outros sonhos. Seus filhos heróis passaram por sua vida apenas para que ele pudesse sentir o prazer  e o  sentimento de paternidade.
Solitário e triste, o homem que queria ser pai guarda a imagem de seus três filhos. Um dia, ele tem certeza, irá encontrá-los e os quatro, caminharão juntos pela eternidade.
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Com respeito e carinho ao Senhor Osaide de Holanda Cavalcante, policial reformado que viu partir de sua vida, seus três queridos filhos, vítimas da violência.
Edison Borba

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