quinta-feira, 12 de abril de 2012

MULHERES CANTADAS

Amélia foi cantada por muitos e muitos anos, como exemplo de mulher de verdade. Sem nenhuma vaidade, passava e fome a ainda achava lindo o seu estado de penúria. Casada com um  malandro, Amélia se tornou símbolo de uma época em que ser mulher era servir e ser subserviente. Mário Lago tornou célebre essa imagem sofrida que representava uma situação de época. O mundo mudou e outras mulheres foram cantadas em letra e música. Caymmi reclamou da Marina, uma linda morena, que segundo o compositor não precisava de nenhuma maquiagem. O poeta pedia a bela jovem a não pintar um rosto bonito naturalmente.
                     - “Marina, você já bonita com o que Deus lhe deu”.
Esse pedido feito de forma tão elegante, não deixa de ser uma forma de impedir a liberdade de escolha feminina.
Entre tantas mulheres do mundo de Chico Buarque, uma das que eu mais gosto é a Geni. Heroína, que salvou uma cidade inteira da fúria de um estranho visitante: o homem do zepelim. Geni, a donzela, que vivia na marginal da vida, foi  escolhida para salvar aqueles que a desprezavam. Mas, a natureza humana é sem dúvida muito esquisita. Após se deitar e se subjugar ao homem que veio do espaço, Geni  voltou a ser escorraçada por aqueles que ela havia salvado. Jogaram pedra e bosta na sensível dama. Um horror!
Outra figura que me causa reflexão é a querida Carolina, de olhos fundos. Sua tristeza é comovente. Chico Buarque a descreve de uma forma tão comovente que me leva ao pranto. Mulher que sofre por um amor que se foi, deixando-a parada no tempo, inerte sofrendo carregando a dor do mundo. Pobre Carolina!
Diferente das outras; Amélia, Geni e Carolina  a Luciana nasceu na paz de um beija-flor. Com um lindo sorriso de menina e olhos de mar. É a mensageira da paz, nasceu da inspiração de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto. Luciana embalou os sonhos de milhares de pessoas num maracanãzinho lotado, numa época que sonhar era uma das soluções para sobreviver ao regime político ditatorial que controlava o país.
Muitas outras mulheres foram cantadas e declamadas pelo mundo: Aurora, a que não foi sincera e por isso deixou de ganhar do Mário Lago, um lindo apartamento com porteiro e elevador.  A apaixonante Luiza que fez Tom Jobim lhe dedicar sete mil amores. Porém, entre elas, surge a representante de todas – Maria, que Milton Nascimento nos presenteou.
“Maria, Maria / É um dom, uma  certa magia / Uma força que nos alerta / Uma mulher que merece / Viver e amar / Como outra qualquer / Do planeta.
Maria, Maria / É o som, é a cor, é o suor / É a dose mais forte e lenta / De uma gente que ri / Quando deve chorar / E não vive, apenas agüenta.
Maria, Maria / Mistura a dor e a alegria
E possui a estranha mania de ter fé na vida!...


Edison Borba

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