sábado, 30 de julho de 2016

UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR - 7º ATO


Uma história de amor não se faz sem palavras, pequenas e sutis palavras, ditas na hora, no minuto, no segundo certo, pequenas mas sinceras, e que traduzem um universo de emoções. São dessas ou essas palavras, que estão inundando o quarto 617 da Casa de Saúde São José.
Neste local, onde deveria haver dor e sofrimento está sendo contaminado por uma atmosfera de amor. Creio que os nossos atuais novelistas, às vezes tão carentes de escrever sob...
re o afeto, pudessem aproveitar para inundar as telenovelas com diálogos breves e absolutamente emocionantes.
Dia desses, tardinha, da janela do quarto, podia-se ver que o sol já estava “quebrando” sua força, quando Tuneca abriu os olhos, com dificuldades de fala, sussurrando perguntou para a sua Nair; “onde estou?”
Carinhosamente ela respondeu: “no meu colo!”
Creio que qualquer um de nós, diria: no hospital, na cama ou outra qualquer resposta, simples, seca e rápida.
E dessa forma, dia a dia, vou tomando conhecimento o motivo de uma relação afetiva estar durando tantos anos, sobrevivendo às mais diferentes tormentas e vendavais.


 Ontem, dia 29 de julho, quando cheguei para a minha visita diária, Nair de olhos brilhando segurou-me pelo braço e se colocou a contar uma travessura do seu menino.
Edison, você não imagina o que se garoto levado aprontou esta madrugada, sem que nós déssemos conta ele conseguiu desatar uma das mãos e retirou a sonda alimentar, que estava presa em uma de suas narinas. Sujou o lençol, a fronha e até o cobertor. Chamei os enfermeiros, mas antes dei-lhe um pito. Não faça mais isto, “meu menino levado”.
Confesso que foi difícil conter uma esperta lágrima que escapou ao meu controle e rolou em meu rosto.
São setenta e cinco anos de convivência entre Antônio e Nair, vidas que não foram separadas nem pela segunda guerra mundial, quando ele viajou como um dos pracinhas brasileiros. Portanto, não serão quatro meses de internação hospitalar que irão separá-los.
Sempre agradeço a Deus a oportunidade de estar aperfeiçoando-me, como homem, ao conviver com esses dois grandes amigos.
Obrigado Senhor!
Edison Borba

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