sábado, 31 de agosto de 2019

MINHA DOR!

(por) Edison Borba


A dor tem sempre um sentimento único, ela é nossa e ninguém, jamais saberá a sua força. Os momentos de dor são os mais íntimos que uma criatura pode ter. Dores físicas, morais ou psicológicas serão sempre um sentimento que nos revela a solidão na qual nascemos e um dia iremos morrer. Como estabelecer a sua força? Como calcular a sua intensidade? Trata-se de uma sensação de desconforto e incômodo que não há como descrever. Sentir dor é estar imerso no mais escuro dos mundos onde ninguém poderá entrar. Chorar, gritar e às vezes até rir de tanta dor é expressar algo que emerge das profundezas de nossa alma. Uma dor física é possível de ser localizada, porém as dores internas são mais complexas. Queixar-se de uma dor estomacal implica numa intrincada rede de aparelhos e sistemas, e requer cautela dos especialistas para detectar exatamente qual o órgão que centraliza todo o desconforto. Porém, as dores da alma, as que envolvem traição, pudor, vergonha, amor, paixão e outros sentimentos são impossíveis de serem mensuráveis. Elas se espalham por todo o corpo em ondas difíceis de serem controladas. Elas não possuem um foco determinado, não existem exames nem cirurgias que possam debelar o sofrimento. Dor do abandono é impossível de medir, dizem que é mais terrível do que perder o “amor” para a morte e, que só é maior do que a dor de enterrar um filho. Dor, sentimento impossível de descrever. Dor! Minha dor! Por favor, não tentem me consolar, repetindo: “Eu sei o que você está sentindo!”


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