A
dor tem sempre um sentimento único, ela é nossa e ninguém, jamais
saberá a sua força. Os momentos de dor são os mais íntimos que
uma criatura pode ter. Dores físicas, morais ou psicológicas serão
sempre um sentimento que nos revela a solidão na qual nascemos e um
dia iremos morrer. Como estabelecer a sua força? Como calcular a
sua intensidade? Trata-se de uma sensação de desconforto e
incômodo que não há como descrever. Sentir dor é estar imerso no
mais escuro dos mundos onde ninguém poderá entrar. Chorar, gritar e
às vezes até rir de tanta dor é expressar algo que emerge das
profundezas de nossa alma. Uma dor física é possível de ser
localizada, porém as dores internas são mais complexas. Queixar-se
de uma dor estomacal implica numa intrincada rede de aparelhos e
sistemas, e requer cautela dos especialistas para detectar exatamente
qual o órgão que centraliza todo o desconforto. Porém, as dores da
alma, as que envolvem traição, pudor, vergonha, amor, paixão e
outros sentimentos são impossíveis de serem mensuráveis. Elas se
espalham por todo o corpo em ondas difíceis de serem controladas.
Elas não possuem um foco determinado, não existem exames nem
cirurgias que possam debelar o sofrimento. Dor do abandono é
impossível de medir, dizem que é mais terrível do que perder o
“amor” para a morte e, que só é maior do que a dor de enterrar
um filho. Dor, sentimento impossível de descrever. Dor! Minha dor!
Por favor, não tentem me consolar, repetindo: “Eu sei o que você
está sentindo!”
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