sexta-feira, 11 de outubro de 2013

OS FILHOS DO CRACK

           Segundo recentes estatísticas, nove em cada dez crianças abandonadas, no Rio de Janeiro, são filhos de usuários de crack.  Lamentavelmente, a epidemia dessa droga espalhou-se rapidamente, e hoje, já estamos conhecendo e convivendo com crianças geradas nas “cracolândias”. Alguns bebês,  apresentam  sintomas da síndrome da abstinência, como dificuldades para dormir, agitação e choro frequente. Estas crianças correm risco de não  se desenvolverem adequadamente e sem dúvida, não são as preferidas pelas famílias que procuram adoção.
A rapidez dos traficantes deixa as autoridades, sem muitas saídas, para resolver a questão dos viciados que são abastecidos constantemente. A formação de novos grupos de doentes é constante e errante.  Essas populações possuem uma “certa” organização e hierarquização, formando pequenas “famílias”, com relações mantidas através do consumo das drogas.
A grande questão social está reacionada à educação e cultura do povo. Não apenas a educação formal, a que é dada pela escola, mas aquela dos lares, igrejas, clubes, comunidades e que também é recebida pelos veículos de comunicação.
A questão maior está acima dos usuários, dos doentes e dos dependentes. O grande foco está bem além dos pequenos traficantes, é algo muito superior, e que se utiliza de meios sutis para chegar até os mais jovens das diversas classes sociais.
O que vemos nas ruas, as tribos nômades que vagueiam sem destino, é apenas a ponta do iceberg. A maior pedra de gelo está flutuando em oceanos financeiros, protegida, abastecida e fortalecida por poderosas e inesgotáveis fontes.
Enquanto, as famílias não se conscientizarem que se faz necessário à construção de relações de amor e confiança, em seus lares, e que não basta matricular filhos em escolas, mesmo as mais caras e de metodologias progressivas, a situação permanecerá. Os mais pobres vagando pelos becos como zumbis da droga, os mais ricos, nas festas psicodélicas muitas promovidas em espaços universitários, onde tudo é permitido, os filhos do crack, continuarão a nascer ou a serem abortados, dependendo da classe social do usuário.
Edison Borba

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