sábado, 12 de outubro de 2013

“SER” CRIANÇA.

         Um ser criança é alguém que futuramente será um homem ou uma mulher. Quer dizer que eles são potencialmente adultos, ou adultos em potencial.
As crianças que já se tornaram adultos, tendem a esquecer do mundo ao qual fizeram parte por alguns anos. É difícil encontrarmos “gente grande” que se lembre de quando eram pequenos. E quando lembram, as recordações são apenas de situações fúteis e sem grande importância. Lembrar  brincadeiras e situações jocosas. Jamais os adultos se recordam de como realmente era ser criança. Os sentimentos, as dores, os desejos, os sonhos, os medos, as fantasias, as decepções e tudo mais que faz parte do universo infantil.
O mundo das crianças não é construído apenas de fantasias povoadas de fadas, príncipes, heróis e magia. Nele também existem as experiências emocionais, que precisam ser observadas como um vestibular para o  mundo dos adultos.
O que se passa na cabeça de uma criança, quando recebe “não” como resposta? Como fica o seu coração quando os adultos não conseguem dar a devida atenção sobre as novidades ocorridas na escola. Que atitude tomar quando rejeitarem as refeições? O que “fazer” para uma criança entender às regras da casa? Como agir quando uma criança sente necessidade de ficar calada e não responde às nossas indagações?
Se pudéssemos ser criança de novo, o que gostaríamos de lembrar? Se nós pudéssemos voltar a ter um corpo de menino ou menina, e a consciência adulta, o que pensaríamos em fazer?
Ser criança de novo, poder sorrir sem motivo, correr desabaladamente pela casa, pular corda, sonhar de olhos abertos e acreditar em gnomos sem preocupações com horários, agendas, pagamentos e responsabilidades.
O perigo de voltar a ser criança é descobrir que os adultos vivem procurando a felicidade. Compram e pagam caro pelo lazer. Não possuem a verdadeira liberdade. Tem pesados encargos. Riem pouco e suspiram muito. Não se contentam com uma estrelinha, vivem tentando possuir o universo. Dormem a acordam na expectativa do dia seguinte. São desconfiados e não curiosos. Discutem por bobagens. Sonham com o improvável. Não gostam de sorvete derretendo. Vivem preocupados com a opinião dos outros. Irritam-se com facilidade. Têm medo do ridículo, do vento, e  serem considerados, “crianças”.
Para muitos adultos, ser criança é ser tolo.
Se eu fosse criança de novo, veria como é difícil contar coisas para os adultos. Eles estão sempre com pressa. Existem problemas a serem resolvidos e não podem perder tempo com histórias sem importância.
Pais, mães, tios e professores, além de outros exemplares do mundo adulto, respondem com o silêncio ou apenas com “aguarde um pouco”, “depois eu explico” ou então o fatídico: “quando você crescer vai poder entender”.
O dia 12 de outubro foi colocado no calendário, como sendo o DIA DA CRIANÇA. Lojas e shoppings ficam lotados de adultos comprando e pagando por presentes, que segundo eles, farão a felicidade de seus filhos, sobrinhos, alunos e netos. Presentear crianças é sempre muito bom, mas não é suficiente para comemorar é preciso participar.
Vamos voltar a viver pelo menos por 24 horas no mundo encantado. Vamos rir sem motivo, sujar a roupa, rolar na grama, pular corda, contar histórias, ver carneirinhos no céu, brincar e brincar de qualquer brincadeira, fazer bobagens e sermos ridiculamente felizes.
Junto com as crianças, sejamos crianças de novo, pelo menos no dia 12 de outubro!
Edison Borba
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário