Um ser criança é alguém que
futuramente será um homem ou uma mulher. Quer dizer que eles são potencialmente
adultos, ou adultos em potencial.
As crianças que já se tornaram
adultos, tendem a esquecer do mundo ao qual fizeram parte por alguns anos. É
difícil encontrarmos “gente grande” que se lembre de quando eram pequenos. E
quando lembram, as recordações são apenas de situações fúteis e sem grande
importância. Lembrar brincadeiras e
situações jocosas. Jamais os adultos se recordam de como realmente era ser
criança. Os sentimentos, as dores, os desejos, os sonhos, os medos, as
fantasias, as decepções e tudo mais que faz parte do universo infantil.
O mundo das crianças não é construído
apenas de fantasias povoadas de fadas, príncipes, heróis e magia. Nele também
existem as experiências emocionais, que precisam ser observadas como um
vestibular para o mundo dos adultos.
O que se passa na cabeça de uma
criança, quando recebe “não” como resposta? Como fica o seu coração quando os
adultos não conseguem dar a devida atenção sobre as novidades ocorridas na
escola. Que atitude tomar quando rejeitarem as refeições? O que “fazer” para
uma criança entender às regras da casa? Como agir quando uma criança sente
necessidade de ficar calada e não responde às nossas indagações?
Se pudéssemos ser criança de novo, o
que gostaríamos de lembrar? Se nós pudéssemos voltar a ter um corpo de menino
ou menina, e a consciência adulta, o que pensaríamos em fazer?
Ser criança de novo, poder sorrir sem
motivo, correr desabaladamente pela casa, pular corda, sonhar de olhos abertos
e acreditar em gnomos sem preocupações com horários, agendas, pagamentos e
responsabilidades.
O perigo de voltar a ser criança é
descobrir que os adultos vivem procurando a felicidade. Compram e pagam caro
pelo lazer. Não possuem a verdadeira liberdade. Tem pesados encargos. Riem
pouco e suspiram muito. Não se contentam com uma estrelinha, vivem tentando
possuir o universo. Dormem a acordam na expectativa do dia seguinte. São
desconfiados e não curiosos. Discutem por bobagens. Sonham com o improvável.
Não gostam de sorvete derretendo. Vivem preocupados com a opinião dos outros.
Irritam-se com facilidade. Têm medo do ridículo, do vento, e serem considerados, “crianças”.
Para muitos adultos, ser criança é ser
tolo.
Se eu fosse criança de novo, veria
como é difícil contar coisas para os adultos. Eles estão sempre com pressa.
Existem problemas a serem resolvidos e não podem perder tempo com histórias sem
importância.
Pais, mães, tios e professores, além
de outros exemplares do mundo adulto, respondem com o silêncio ou apenas com
“aguarde um pouco”, “depois eu explico” ou então o fatídico: “quando você
crescer vai poder entender”.
O dia 12 de outubro foi colocado no
calendário, como sendo o DIA DA CRIANÇA. Lojas e shoppings ficam lotados de
adultos comprando e pagando por presentes, que segundo eles, farão a felicidade
de seus filhos, sobrinhos, alunos e netos. Presentear crianças é sempre muito
bom, mas não é suficiente para comemorar é preciso participar.
Vamos voltar a viver pelo menos por 24
horas no mundo encantado. Vamos rir sem motivo, sujar a roupa, rolar na grama,
pular corda, contar histórias, ver carneirinhos no céu, brincar e brincar de
qualquer brincadeira, fazer bobagens e sermos ridiculamente felizes.
Junto com as crianças, sejamos
crianças de novo, pelo menos no dia 12 de outubro!
Edison
Borba
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