sábado, 16 de novembro de 2013

A MORTE

Hoje a morte, a fria morte, veio
Visitar-me a querer me amamentar em seio
Do onde jorra o leite envenenado
Que, se por mim for tomado
Dormirei em seu colo em devaneios
O sono mais profundo e infecundo
Do não acordar e não sonhar jamais
Acalentado em seu peito,  cínica e implacável
Com dedos frios a acariciar meus cabelos
Enganando-me sem nenhum constrangimento
De levar-me a vida e também  meus sonhos
Deixando-me num mar sempre a deriva
Sem saber o que fazer e onde um dia
Vou pousar, quem sabe em outra vida.
Como criança escondida em canto
Atrás da porta, a esperar espanto
Misterioso e assustador encontro
De mais uma vez viver um sonho
Que despertar será envolvimento
Com outra morte que virá um dia
Implacável me trazer seu seio
Que ao sugar em meio aos muitos devaneios
Não mais serei o que agora sou
E  tudo que passei,  se perderá  pra sempre
No sopro frio de morrer de novo
Apascentado pelo delicioso seio
Cujo leite, veneno saboroso,
Tirou-me a vida os sonhos e as lembranças
Ao mergulhar no sono mais profundo
Eternamente, num segundo.

Edison Borba

 

 

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