sexta-feira, 3 de junho de 2016

FACE À FACE.

Hoje resolvi ficar comigo, sozinho, eu e mais ninguém
Ou melhor, eu e meu ego. Nós dois, face a face
Sou tal qual oceano ora bravo ora manso, adormecido
Quando me revolto, me volto, me vejo e revejo-me
Bebo do meu próprio veneno, e hoje vou enfrentar-me

Vou julgar-me: culpado ou inocente?
Tenho loucuras sonolentas, sinto-me infame e sedento
Quem sou eu?
Hoje, encontro uma explicação! Hoje me olharei frente à frente
Serei insano, doente ou apenas um estranho?
Perco-me em agonias pueris, sinto calafrios pelo corpo
Minha alma não sabe o que fazer comigo
Como oceano que sou, espero o vento pra me colocar em movimento
Quero chocar-me contra os rochedos, fazendo deles um doce brinquedo

Tudo só para ver se me reconheço. Como sou? Quem sou?

Quero me redimir, se pecados cometi. Quero fugir do fingir
Quero ser o que mereço ser, não importa até se for loucura
Ser aquilo que se odeia em outros
Quero deixar de ser personagem e ser verdadeiro como os oceanos
Imensos e imersos em solidão noturna
À espera que um dia a luz do sol chegue às suas profundezas

Quero livrar-me do martírio que suporto por ter que conviver comigo
Hoje tudo será resolvido! Me enfrentarei face a face
Frente a frente exposto a qualquer perigo
De me deparar com a minha estranha face

O que será para mim o pior castigo!

Edison Borba

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