sábado, 9 de novembro de 2019

A REVOLUÇÃO DAS LETRAS

(por) Edison Borba
                   

Certo dia ao aproximar-me da prateleira onde guardo meus livros, ouvi um murmurinho. Curioso, aproximei-me dos livros que estavam colocados naquele espaço. Lindos livros de capas coloridas todos arrumados por ordem de tamanho. Ao chegar bem pertinho percebi que aquele barulhinho estava vindo dos meus livros, aqueles que eu escrevi. Um a um fui retirando-os da prateleira e colocando-os sobre a mesa, tendo o cuidado de abri-los em páginas aleatórias. Foi dessa maneira que me vi envolvido por um mundo de letrinhas, que se desprenderam das páginas e começaram a dançar ao meu redor e, em coro perguntaram o meu nome. Assustado e com o coração acelerado respondi e, deu-se então um estranho diálogo. As letras que eu usei para escrever as histórias contidas naqueles livros estavam curiosas para me conhecer. E dançando ao meu redor questionaram-me sobre os motivos que levaram-me  as usar em meus poemas, contos e crônicas. Algumas, tomando uma atitude hostil, colocaram-se em oposição ao que eu havia escrito. Criticaram o meu estilo e até apontaram um certo mau gosto em minhas obras. Porém, outras letrinhas, abraçadas em sílabas cantavam alegremente apoiando as minhas ideias. Essas apontaram-me novos caminhos e propuseram novas uniões para que novas palavras fossem criadas. Fizerem sugestões e observações sérias em ralação ao uso que faria de cada uma delas. 
Eu, não sabendo o que fazer, sem em quem acreditar no que estava acontecendo, rapidamente fechei os livros e os recoloquei na prateleira. Porém, fiquei refletindo sobre o que havia acontecido e pensei bastante no que escreveria daquele dia em diante. Afinal, as letras não podem ser usadas para formarmos qualquer palavras. Precisamos ter cuidado ao usá-las, para que elas não se transformem em armas capazes de formarem palavras que poderão machucar seriamente os nossos amigos.



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