sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

HISTÓRIAS de CALÇADOS!!!

A bota de um soldado encontrou-se casualmente com a sandália de um surfista. Tentando uma aproximação e até uma futura amizade, fez observações sobre a sua vida. Apresentou-se como patriota, contou das façanhas que havia praticado, falou das batalhas e das guerras e da coragem que era preciso ter para calçá-la. A bota considerava-se uma heroína, vencedora de grandes conflitos!
Passando pelo local, o sapato de um empresário, parou para argumentar, na perda de tempo daquela discussão, entre a bota e a sandália, que estavam jogando conversa fora enquanto ele, se dirigia para a sua empresa. Ele sim era importante, trabalhava num escritório, comandava diversas botinas de couro, algumas com buraco na sola. Com ele, todos andavam muito o dia todo, todos os dias. Era necessário produzir, mesmo causando calos nos pés que as calçavam, ao final de cada mês os lucros subiam. Ele era lucrativo, portanto um grande herói!
O bate - boca já se tornava intenso, quando uma saltitante sapatilha, que passava no local pediu para dar a sua opinião.
A linda sapatilha cor de rosa, fez uma pirueta e simplesmente afirmou: eu sou a mais importante, porque represento a arte. Todas as noites uma plateia maravilhada me aplaude. Sou famosa, faço as pessoas felizes, eu sou uma heroína!
A confusão já estava complicada, quando uma chuteira, parou o seu moderno carro, e descendo até a calçada, pediu a palavra. Mandou que todos olhassem para o seu veículo importado. Ela a chuteira, estava por cima, todas as crianças, meninos e meninas, queriam calçá-la. Ela se tornara o símbolo da riqueza e do poder. Até na moda já estava influenciando; cabelos eram moldados nos salões de beleza por outros calçados que sonhavam em ser parecidos com ela. A chuteira, vencedora de vários campeonatos, tinha status social, era rica e respeitada, portanto era a mais importante, a verdadeira heroína!
E assim a bota, o sapato, a sapatilha e a chuteira discutiam acaloradamente sobre as suas importâncias. Quem tinha o poder e a fama? Quem reinaria como herói ou heroína?
Sem que os vaidosos percebessem, a sandália caminhou pela praia e mergulhou nas águas azuis do oceano. Fez malabarismos entre as ondas. Flutuou na maré e voltou ao local da confusão. Molhada pela salgada água, sabiamente falou: todos nós somos importantes, desde que não pisemos nos outros calçados, não apertemos os pés de quem nos usa, formando doloridos calos. Todos nós precisamos de pelo menos um dia de liberdade para um mergulho no mar, num rio, numa piscina ou “piscinão”, fazer um passeio no parque, gozando a vida sem medo e preconceitos.
Cada um com sua utilidade e sem futilidade, pode gozar da felicidade que a liberdade permite e da amizade de seus companheiros!
Edison Borba

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