segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

DOR


(por) Edison  Borba

A dor é sempre um sentimento único, ela é nossa e ninguém, nunca saberá a sua força. Os momentos de dor são os mais íntimos que uma criatura pode ter. Dores físicas, morais ou psicológicas serão sempre um sentimento que nos revela a nossa solidão. Sentir uma dor é estar imerso no mais escuro dos mundos onde ninguém poderá entrar. É um momento apenas nosso. Algumas vezes uma pessoa tentando nos consolar é capaz de dizer: "eu sei o que você está sentindo". Ledo engano! Uma dor física é possível de ser localizada. Porém a sua intensidade é absolutamente individual.  Através de exames é possível chegar bem perto do foco e amenizar a dor. Porém, as dores da alma, as que envolvem traição, vergonha, amor, paixão e outros sentimentos são impossíveis de ser mensuráveis. Elas se espalham por todo o corpo em ondas difíceis de serem controladas. Elas não possuem um foco determinado, não existem exames nem cirurgias que possam debelar o sofrimento. Dor de abandono é quase insuportável. Como descrever o sentimento de quem ficou sozinho, vendo o seu objeto de desejo ir embora com outra pessoa? Dizem  que é  mais forte do que a da viuvez. Como tratar a dor de uma mãe que perde um filho?
Qual o limite suportável de uma dor psicológica? Até que ponto um ser humano é capaz de aguentar essa terrível sensação? É preciso senti-la até não se poder mais aguentar. É preciso deixar que ela dilacere todo o corpo e estraçalhe a alma. Somente assim haverá como suportá-la e quem sabe até amortecê-la, mas curar, jamais. 

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