Queridos amigos esse texto faz parte do meu livro REFERÊNCIAS FEMININAS, lançado em 2019. Uma homenagem à nossa querida ELZA SOARES. Leiam e se emocionem!
A
MULHER DO FIM DO MUNDO
Quem
será a mulher do fim do mundo? Será a Maria da Vila Matilde ou será
aquela que tem a carne negra? Será a que se cala ou a que diz
claramente eu quero comer você? Talvez seja a que desafia o mundo
quando afirma eu bebo sim! Creio que seja a mulher do malandro, que
tem a língua solta e fala com clareza, mas quando a luz vermelha
acende, ela bota pra “f...”, porque ela é uma mulata assanhada.
Mas
a mulher do fim do mundo é “todas” as mulheres do mundo: a
Benedita e as Marias, a Alicinha e a Dindi e as que carregam lata
d’água na cabeça e plantam flores horizontais. Ela é aquela que
sabe dar a volta por cima porque é dura na queda. Deus há de ser
testemunha, que ela mais do que ninguém sabe lamentar a perda do seu
guri, ou será dos seus guris. O menino amante de pernas tortas que a
amava mas que não soube driblar a bebida ou o guri que saiu de seu
ventre para ser levado pelas águas no colo de uma sereia.
Mas
ela é lutadora, guerreira e empoderada. Sabe ir devagar com a louça
e não enlouquece quando observa a cadeira vazia encostada no canto
da sua sala. Suas cicatrizes não são castigos, porque ela tem
nervos de aço e não trás em seu peito uma caixa de ódio. Não dá
“trela” para boatos e faz da sua vida sempre um dia de festa.
Ela
é uma fada, nunca levou vida de vedete e sempre lutou pela
igualdade, afinal como sempre ela afirma “somos todos iguais”!
Esta
mulher, de lutas e glórias, de lágrimas e aplausos, cuja vida é
mais que um livro de como sobreviver na selva da cidade chama-se Elza
da Conceição Soares, carioca do subúrbio. Conhecida pelo mundo
como a “cantora do milênio”, mas para nós que a admiramos ela é
simplesmente ELZA SORES, uma referência mais do que musical, uma
referência de vida.
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