terça-feira, 22 de setembro de 2015

CONVERSANDO SOZINHO

Estamos vivendo uma  época  em  que a palavra conversar,  está tomando novos rumos. Os dicionários informam que conversar em latim, significava "viver com companhia", logo conversar exige um intercâmbio pelo menos
entre duas pessoas.
Tenho observado, que atualmente as pessoas quando se encontram, em duplas ou em grupos, a conversa quase sempre acontece sobre generalidades. Clima, esportes, dietas, programas que se pretende fazer ou  programações de filmes e novelas. Também as fofocas acontecem, e há sempre alguém na berlinda. O chefe, o diretor, uma vizinha, tia e principalmente as sogras.
Gastamos um longo tempo jogando conversa fora, numa profusão de bobagens, que após o término da "conversa" nada sobrou de inteligente ou de útil. As banalidades e futilidades estão cada vez mais ocupando os espaços Entre amigos, parentes e até entre parceiros e casais.
Falar "abobrinhas" também faz parte da nossa vida. Rir, contar e ouvir boas piadas, discutir um jogo de futebol ou os capítulos de uma novela, também fazem bem ao nosso sistema nervoso.
Porém, voltando ao significado da palavra "conversa", estamos nos isolando, conversando com a gente mesmo, falando sozinho, ou com os nossos botões ou com o próprio umbigo.
 Evitamos num bate-papo entrar em assuntos pessoais, falar de nossos sentimentos, vontades,
desejos e de situações que nos incomodam e também as que nos fazem felizes.
Talvez o medo da exposição da nossa sensibilidade para outras pessoas, esteja nos obrigando a falar
 de tudo para não dizer nada.
O esvaziamento dos relacionamentos pode ser naturalmente sentido no nosso cotidiano. Famílias de
desconhecidos, que apesar de habitarem a mesma casa, ninguém conhece ninguém. ninguém conversa verdadeiramente com ninguém. A superficialidade nas relações, algumas vezes trazem problemas sérios, quando o grupo familiar é surpreendido por um fato que era de conhecimento público mas não dos pertencentes ao clã, onde aconteceu a tragédia.
É provável que a avançada tecologia da comunicação que  transformou a Terra numa aldeia, esteja sendo uma das responsáveis pelo isolamento terráqueo.
Vivemos um momento em que temos muitos e diversificados amigos, ou então estamos fechados em um grupo, que se reúne em torno de um interesse comum e nada mais.
Toda essa parafernália, não deixa tempo para uma conversa tranquila, longa onde o falar se intercala com o ouvir e os interlocutores se expõem sem nenhum medo ou pudor.
Conversar sozinho, com o próprio umbigo, está sendo a saída, que infelizmente é um passo para a solidão e depressão.
Somos animais sociais por exelência e precisamos estar junto com outros da mesma espécie, viver em
companhia, e consequentemente trocar experiências, contar hisórias e com isso preservar a nossa
essência.
Edison Borba

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