quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O TRÁFICO E A EDUCAÇÃO

Estudantes que tentam ir às aulas são orientados a voltar para casa.
Professora conta que traficantes impediram alunos de ir ao colégio.


Desde o início do ano letivo (2015), que no Rio de Janeiro, as aulas de diversas escolas, foram interrompidas pela interminável luta entre quadrilhas de traficantes (rivais), ou entre milicianos e traficantes, ou entre policiais, traficantes e milicianos numa interminável guerra urbana, onde a sociedade é a grande prejudicada.


Além da interrupção das atividades escolares, o medo e a insegurança, fazem parte do rotina dos alunos e professores.
As secretarias de Educação, quando questionadas sobre as aulas perdidas, a resposta é sempre a mesma: "haverá reposição das aulas que não foram dadas".
A grande questão é que o processo de ensino e aprendizagem não é numérico (matemático), não se trata de cumprir 200 dias letivos. O processo educacional é gradativo, vagaroso que exige sensibilidade e continuidade. É preciso cuidado no ato de educar, que deve acompanhar o desenvolvimento dos alunos (crianças e jovens) dando a eles, na medida certa o conteúdo que eles naquele momento são capazes de assimilar.
Não se trata de 200 ou mil dias e sim de qualidade, continuidade, equilíbrio e paz para que haja aprendizagem consciente.
Aula perdida é tempo perdido! Retomar uma lição, um conteúdo, uma explicação é algo extremamente complexo. A interação aluno, professor e escola, se faz no cotidiano. As interrupções não previstas no calendário escolar e acompanhadas de medo, pavor e insegurança terão seus conteúdos programáticos dificilmente "repostos" no imaginário do aluno. O tempo de aprender não está em calendário e sim nas disponibilidades orgânicas, biológicas e emocionais de quem ensina e de quem aprende.
Ensinar e aprender sob a mira de armas, ou ouvindo o estampido, o pipocar de fuzis e revólveres é humanamente impossível.
Repor os dias, é uma obrigação da política educacional brasileira, em cujo calendário estão previstos um mínimo de duzentos dias letivos. Porém, remendar assuntos, questionamentos, relacionamentos e aprendizagem sob a mira de bandidos, nem com um milhão de dias letivos.
É comovente a situação dos brasileirinhos que habitam algumas comunidades, onde o ano letivo é ditado por bandidos!
Edison Borba

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