Ficamos acompanhando os números de mortes causadas pelo coronavírus. Uma interminável curva ascendente que nos assusta e comove. Porém, paralelamente a esse dado, onde a morte do corpo é o que se observa, um outro tipo de morte está acontecendo, que é a morte social. Em virtude das diversas medidas que precisam ser tomadas para conter o avanço da pandemia, muitos trabalhadores, a maioria que atua na informalidade, está ficando impedida de exercer suas atividades. São aqueles que ganham e gastam o que ganham no mesmo dia: vendedores ambulantes, faxineiras, panfleteiros e muitos outros profissionais que um dia sem trabalho significa mais fome e mais miséria. Impossível calcular o número dessas mortes, apenas sabemos que elas existem e estão se avolumando. Como estabelecer regras contra o contágio para os moradores das ruas? Como falar em distanciamento "corporal" em comunidades cujas casas estão coladas umas às outras? A pandemia que começou a se instalar no Brasil, está apenas levantando a ponta de um iceberg, que é bem mais complexa do que a morte e a morte pela ação do vírus.
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